2009-04-30

A quem repare na Lua...

A quem repare na Lua,
Certamente lhe parece
Que ora cresce ora mingua;
Por que aumente ou diminua
É que era bom que soubesse!
....
A razão é porque a trincam
E lhe tiram bocadinhos
Bandos e bandos de anjinhos,
que ao ir beijá-la lhe fincam
Ao mesmo tempo os dentinhos.
....
Também, se Deus me deixasse
Dar-lhe um beijo algum dia,
Como um beijo não sacia,
Ao dar-lhe o beijo na face
Cuido até que a engolia.
....
(João de Deus)

2009-04-25

Memórias!

(Hoje apeteceu-me repor esta postagem, reavivando "as memórias" daquele já longínquo dia)
Alvalade do Sado! Faz hoje 35 anos!
Levantámo-nos às 7 da manhã como habitualmente. A Escola começava às 8h.
De repente a D. Luzia, dona da casa onde morávamos (eu e a minha colega Ana Maria), apareceu na sala meio estremunhada, meio apreensiva: "Senhoras, na telefonia diz que houve uma revolução e que devemos permanecer em casa. As escolas estão fechadas!"
Um nervoso miudinho tomou conta de nós. Passámos a manhã com o ouvido colado na dita telefonia.
Não me recordo já como foi, mas penso que no dia seguinte fomos trabalhar.
A população de Alvalade estava eufórica como de resto todo o País.
Nós também eufóricas!
E começou a "operação limpeza"!
"Limparam-se" duas ou três fábricas que havia na terra.
E falava-se que se iria também limpar a Escola.
Eu e as minhas colegas aguardávamos a "vassoura", confesso que sem grande temor pois tínhamos cá uma fé, que nada nos iria acontecer porque fazíamos falta. Quem tomaria conta dos filhos daquela gente?
Uma noite houve uma reunião "muito assanhada" na escola. De repente ouço uma voz de homem (o Sr. Romão, pai de um aluno meu) :
"Como algumas professoras que em vez de ensinar os moços, os mandam dar uma voltinha a correr em volta da escola para acalmarem!"
Santo Deus, ele não nomeou ninguém mas a visada era Eu! Fiquei mais "caladinha que um rato!..." Eu, acabadinha de sair do Magistério, cheia de ideais pedagógicos, onde se aplicava normas como :
«Se um aluno estiver muito inquieto e desatento, em vez de lhe ralhar, deixemo-lo ir dar uma voltinha no pátio e voltará com mais calma e disponibilidade para aprender.»
Era esta norma pedagógica que eu aplicava ao meu aluno Francisco Romão. Era um garoto de 7 anos, verdadeiro pardal sempre à solta pelos campos, e que agora na escola era obrigado a estar "engaiolado" cinco horas. E digo-vos que a voltinha resultava e era pedagógicamente muito correcta!
Mas... (acobardei-me) e nunca mais me atrevi!
O 25 de Abril não tinha chegado para todos!
O meu aluno nunca se deve ter apercebido porque razão, apartir daquela reunião na Escola a sua LIBERDADE foi afectada e os seus passeiozinhos pelo recreio foram cancelados.
Para ele o 25 de Abril não foi naquela data!
Fiquei sempre com este "remorso"!
Quem sabe se fosse hoje, eu não seria mais corajosa capaz de enfrentar "as massas" e defender os meus pontos de vista em relação à pedagogia e aos interesses dos meus alunos?!

2009-04-17

O "chouriço"!

(Clique na imagem)
Zé Pedro, na fila de cima o 4º a contar da esquerda, um dos corações mais bondosos que passaram pelas Escolas onde andei.
A minha secretária e uma das filas de mesas dos alunos ficavam mesmo na direcção da porta da sala de aula. No Inverno, quando soprava o vento, uma corrente de ar frio vinha na direcção dos nossos pés gelando-os. Hoje, facilmente se compra uma daquelas protecçõs que se põem na portas e janelas para evitar a entrada de frio e chuva. Naquele tempo era preciso fazê-las, com uma tira de pano cozida como se fosse uma cobra e cheia com serradura ou areia. A isso dávamos, ou damos popularmente o nome de "chouriços":
- Meninos, não terão uma mãe ou avó simpáticas que façam um "chouriço" para colocarmos na porta e evitar esta frieza? - perguntava eu com frequência aos meus alunos, pensando que estava a ser explícita no meu pedido.
Passou um Inverno e nada!
No Inverno seguinte, quase diariamente eu repetia a mesma pergunta.
Até que um dia...
Até que um dia o Zé Pedro, com um ar muito contristado me respondeu:
- Professora, eu estou farto de pedir à minha avó, mas ela diz que só tem linguiças!
Não pude evitar uma gargalhada e ao mesmo tempo constactar que « a língua portuguesa é muito traiçoeira».
Lá expliquei a toda a turma a confusão linguística e todos rimos com o caso.
(Para os mais curiosos, informo que tive que ser eu a fazer o tal "chouriço!...)

2009-04-14

Clarisse!


(Fotografia do mano Zé Palminha)
......
Clarisse era uma mocinha minha aluna na Escola das Palmeiras, perto de S. Torpes.
Um dia fiz para ela estes versos que o meu amigo Jorge Ganhão musicou e lançou em CD.
Há poucos dias mandou-me este vídeo com cheirinho a Mar!

Clique no endereço:

2009-04-12

Os Símbolos da Páscoa! (4)

Amêndoas

As amêndoas são sinal de alegria pascal e de apelo à partilha e à paz.
A referência mais antiga do cultivo das amêndoas figura no Antigo Testamento. Eram cultivadas pelos gregos e muito apreciadas pelos romanos, numa versão com açúcar. As amêndoas açucaradas talvez sejam aa primeiras guloseimas da História.
Durante muitos séculos, marcaram presença apenas em festas e banquetes, devido ao preço elevado. Eram colocadas em cestinhos enfeitados com fitas de cor, no início do séculoXVIII, e oferecidas como presente aos convidados.
O hábito acabou por chegar à época da Páscoa. Actualmente a variedade vai desde o tipo francês, mais espalmada, e as com cobertura de chocolate, que são as mais comuns.
Há ainda as amêndoas de sobremesa (com cobertura de chocolate, caramelo ou canela) e as exóticas (com cobertura de queijo mascarpone, por exemplo).
(Expresso de 04/04/2009)
E já agora, BOA PÁSCOA para todos!


2009-04-09

A Noite

A NOITE, 10 e 11 de Abril no Centro de Artes em Sines!

(Clique no endereço para visionar entrevista na Sic.)

http://fragmentos-lte.blogspot.com/search/label/Videos

2009-04-08

Os Símbolos da Páscoa! (3)

Coelhinho
A tradição do coelho da Páscoa começou nos Estados Unidos, levada por emigrantes alemães em meados do século XVIII. Há várias lendas, desde o coelho que escondia os ovos das crianças, que tinham que os descobrir na manhã de Domingo de Páscoa, até aos ovos pintados e escondidos num ninho, que foram roubados por um coelho. A explicação mais prosaica prende-se com a enorme fertilidade dos coelhos, associada à Primavera, que coincide com a data da Ressurreição de Cristo.
Mais longe da ficção e perto da realidade, o coelho no antigo Egipto simbolizava o nascimento e uma nova vida e, por isso alguns povos da Antiguidade consideravam-no o símbolo da Lua. Há quem defenda que este animal se tornou num símbolo desta quadra devido ao facto de a Páscoa ser determinada pela Lua. O dia de Páscoa é o primeiro domingo depois da lua cheia após o 21 de Março. A sequência de datas varia de ano para ano e pode ser no mínimo a 22 de Março e no máximo a 24 de Abril.
(Expresso de 04/04/2009)

2009-04-06

Os Símbolos da Páscoa! (2)

Folar

É tradicinalmente o pão da Páscoa em Portugal. Come-se no Sábado de Alelui ou no Domingo de Páscoa. Tem como base rituais de partilha, solidariedade e confraternização. É a oferta de Páscoa dos padrinhos aos afilhados e dos fiéis aos padres.
O hábito está ligado ao pão que Jesus dividiu com os discípulos na Última Ceia. O ovo cozido com casca, colocado em muitas receitas, representa o renascimento e a Ressurreição de Jesus.
O folar resulta da mistura de água, sal, ovos e farinha e pode ser doce ou salgado. Em Trás-os-Montes, é confeccionado com massa fofa e recheado com carne de porco, presunto, salpição e linguiça. É um elo entre o terreno e o divino, pela carga simbólica que representa.

(Expresso de 04/04/2009)








Os Símbolos da Páscoa! (1)



Ovos

A tradição tem origem na China - onde os ovos eram oferecidos como presente na Festa da Primavera - e mais tarde chegou também ao Egipto. O efeito de desenhos mosquedos na casca era conseguido embrulhando os ovos com cascas de cebola e cozinhando-os com beterraba.

Depois da morte de Jesus Cristo, os cristãos elegeram esse hábito como símbolo da Ressurreição. No século XVIII, a Igreja adoptou o hábito.

Desde essa altura os ovos enfeitados passaram a ser oferecidos no domingo a seguir à Semana Santa. A passagem para ovos feitos de chocolate tem duas explicações. Por um lado, há quem justifique com a Igreja e a proibição do consumo de carne, ovos e derivados de leite na Quaresma.

O desenvolvimento da indústria do chocolate e a consequente necessidade de encontrar nichos de mercado para o negócio é outra das explicações.

(Jornal Expresso de 04/04/2009)

2009-04-04

A Noite

(Amanhã é a última representação no Teatro D. Maria, em breve, 10 e 11 de Abril estará em Sines)
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Olhem que não fui em que postei a foto de "cabeça para baixo", é assim que vem nos Jornais.
; )
Voz: Ana Lúcia