2006-05-31
Deixar o resto???...
Visto palavras
De roxo
E de negro
De azuis e
Claros
De alvuras
E linho!
De aromas
De urze
De cheiros
E cetim!
Remendos de verde!
Que importam
Os trapos
Se as árvores
Dão sombra
E o Verão
Já lá vai!
Visto bonecas
São moças!
Palavras!
Os lenços
As rosas
E as parras
A vinha!
E as saias rodadas
E os cestos
O tempo!
Os braços
São letras
E os dedos
O vento!
(Não deixaremos os restos, porque os RESTOS são os belos poemas da Maria de Fátima. Falamos da dona do restaurante "O Traje" em Deixa - o- Resto.
Lá, deliciamo-nos com os belos acepipes culinários e como manjar para o espírito, a Fátima espalha pelas mesas pequenas folhas com poemas ou prosas, dando a conhecer ao cliente belos textos da literatura portuguesa.
Uma bela, apetitosa e original forma de divulgar a cultura.
Desta vez, a Maria de Fátima brindou-nos com poemas da sua autoria. Obrigada!!!
Foi um almoço muito agradável, não só no aspecto gastronómico, como cultural.
Ao Valentim e à Fátima os nossos agradecimentos e votos de felicidade e sucesso.)
2006-05-29
No tempo dos melões...
2006-05-28
Gaivotas a congeminar...
2006-05-27
De La Rosa
2006-05-26
Livros!
Mia Couto»» "O Outro Pé Da Sereia"
- Acabei de enterrar uma estrela!
Foi assim que o pastor Zero Madzero se anunciou junto à cama de sua esposa, Mwadia Malunga. Lá fora, espreitavam os primeiros sinais de luz. A mulher, ainda emergindo do sono, sorriu e disse:
- Venha, marido, venha que eu lhe apronto um bom banho.
Olhou o homem em contraluz: parecia um fantasma, magro e sujo, carregando mais poeira que o vento do Norte. Um cheiro a queimado se espalhou na ensonada claridade do quarto.
- Trouxe os burros?
Ele acenou ...............(e é assim que começa este inspiradíssimo romance de Mia Couto)
2006-05-25
Variação para um tema...
2006-05-24
Búzio...
2006-05-23
Picasso...
2006-05-22
Camões!
2006-05-21
Dia da Marinha/2006/Sines
2006-05-20
Dia da Marinha/2006/Sines
FAZ HOJE 508 ANOS QUE VASCO DA GAMA FUNDEOU FRENTE A CALECUT.
"E ao domingo fomos junto com umas montanhas, as quais são mais altas que os homens nunca viram, as quais estão sobre a cidade de Calecut, e chegámo-nos tanto a elas até que o piloto que levávamos as conheceu e nos disse que aquela era a terra onde nós desejámos de ir. E em este dia, à tarde, fomos pousar abaixo desta cidade de Calecut duas léguas e isto porque o piloto pareceu, por uma vila que ali estava, a que chamou Capua que era Calecut." ( Do Diário de Álvaro Velho)
(Informação recolhida num mail do Senhor Comandante Joaquim Ferreira da Silva)
2006-05-19
Dia da Marinha/2006/Sines
2006-05-17
A Lenda da bruxa
San Malanzo era velha, muito velha.
San Malanzo era pobre, muito pobre.
Não tinha filhos, não tinha netos
Não tinha sobrinhos, não tinha afilhados
Nem primos tinha e nem tinha enteados
Era muito pobre e muito velha
Muito velha e muito pobre.
Era pobre, era velha san Malanzo
Pobre e muito velha
velha e muito pobre
Era velha e pobre
Era pobre e velha
Velha pobre
Pobre velha
Velha
Pobre
Feiticeira.
(Conceição Lima, A Dolorosa Raíz do Micondó)
San......senhora
2006-05-16
Castelos...
2006-05-15
Escritores
Conceição Lima nasceu em Santana, Ilha de S. Tomé.
É Licenciada em estudos Afro- Portugueses e Brasileiros.
Reside em Londres e trabalha como jornalista e produtora dos serviços de Língua Portuguesa da BBC.
Em 2004 publicou " O Útero da Casa", sendo o seu mais recente título " A Dolorosa Raíz do Micondó", que ontem vos transcrevi neste blog.
2006-05-14
Livros!
Sóya
Há-de nascer de novo o micondó-
belo, imperfeito, no centro do quintal.
À meia- noite, quando as bruxas
povoarem okás milenários
e o kukuku piar pela última vez
na junção dos caminhos.
Sobre as cinzas, contra o vento
bailarão ao amanhecer
ervas e fetos e uma flor de sangue.
Rebentos de milho hão-de nutrir
as gengivas dos velhos
e não mais sonharão as crianças
com gatos pretos e águas turvas
porque a força do marapião
terá voltado para confrontar o mal.
Lianas abraçarão na curva do rio
a insónia dos mortos
quando a primeira mulher
lavar as tranças no leito ressuscitado.
Reabitaremos a casa, nossa intacta morada.
( De Conceição Lima, A Dolorosa Raíz do Micondó)
sóya--- conto, lenda
oká--- mafumeira, árvore para cuja copa as bruxas desertam à meia- noite...
kukuku--- coruja
marapião--- árvore com propriedades exorcizantes
2006-05-12
Sardinha em mar de azeite...
Entrei. As mesas estavam todas ocupadas, excepto uma, lá ao fundo.
Quatro lugares e só um ocupado. "Posso sentar-me?"
"Pode"- respondeu o jovem (23 anos, soube depois). No prato uma última sardinha, mergulhada num mar de azeite. Em frente do prato, 2 jarrinhos (de meio litro) de vinho tinto, já vazios. Arrisquei :"Foram bem regadas as suas sardinhas! Um litro hem!!!"
Não - respondeu ele- cada jarro deve levar só 4 decilitros e meio!
E a conversa começou.
Praticava "capoeira" e falámos de escravatura, de barcos negreiros, de descobridores e descobertas. Falou-se do Brasil e de telenovelas. Falou-se de S.Tomé e do livro o Equador( ele não tinha lido mas, já ouvira falar).
Falou- se de Santiago do Cacém e ele perguntou, quem seria esse Cacém? Teria alguma coisa a ver com o Cacém( Lisboa) onde ele vive?
Tem uma namorada e está a pensar vir passar dez dias com ela, aqui por estes lados, em Agosto.
Falou...falou...vem de oito em oito dias fazer uma manutenção qualquer( disse, mas esqueci), na APS.
Saímos ao mesmo tempo e eu disse "Então, adeus e boa sorte!" Ele fez-me "uma festa" nos cabelos (como se costuma fazer aos miúdos) e lá foi rua abaixo, gritando lá de longe :" Daqui a oito dias volto. Apareça!"
Não pude deixar de sorrir com a espontaneidade, simpatia e candura daquele jovem. (Ou seria apenas o efeito dos "jarrinhos"?).
Devo ter ficado com os cabelos "enzeitados" e a cheirar a sardinha, mas... há lá "mau cheiro ou gordura" que afaste a graça daquele gesto???...
2006-05-11
Fernando e a lua...
2006-05-10
Mar Oceano!
Está lá em baixo o mar oceano
No bojo de águas frias
Lapida o sol milhões de pedrarias
E o largo longe e plano ondear
Que só do alto o céu pode abarcar
Matiza-se de verde anil cobalto
A desdobrar-se em cor desde o mar alto
Ei-lo além como salpica
A linha litoral a laivos brancos:
a face de Portugal
fica
com colarinho
sob o fato azul- marinho
(De António Borges Coelho)
Um poema gentilmente enviado pelo Comandante Joaquim Ferreira da Silva.
2006-05-09
Coleccionador de Quimeras
(Poema de António Tomé, poeta Moçambicano)
2006-05-07
História para um Domingo, 7 de Maio!
ERA UMA VEZ...
Era uma vez, lá longe, um menino que para se fingir de cavaleiro cortava ramos de acácia rubra e com eles fazia espadas. Sonhava pelejas e inventava um cavalo. "Asas" era o nome do seu cavalo branco. A terra onde vivia não ficava junto ao mar mas, era fácil viajar no " Asas". Cabelos ao vento, espada à cinta, mãos bem firmes nas crinas do cavalo e num abrir e fechar de olhos ele voava por cima de montes e vales e ia pousar no areal extenso daquela ilha. A menina já lá estava. Ele sentava-se na areia e conversavam.
A menina vestia um bibe, usava um chapéu de palha na cabeça e com pauzinhos e pedrinhas fazia construções na areia. Ele perguntava sempre : "O que é que estás a fazer?" Ela respondia : "Estou a construir um castelo, para poder fingir que sou uma princesa!" (e acrescentava) "E tu, porque trazes uma espada e um cavalo? "Para fingir que sou um cavaleiro"( respondia ele)
E era sempre a mesma cena e era sempre o mesmo diálogo. E todas as vezes que o menino estendia as mãos para ajudar a menina na construção do castelo, as pedrinhas e os pauzinhos imaterializavam-se. Era como se aquela menina estivesse ali e ao mesmo tempo não estivesse. Muitos anos se passaram! Vieram discórdias, vieram guerras. Outras vidas tomaram o lugar daquelas vidas, noutros continentes. E como se uma longa viagem tivesse sido feita nas "Asas" do tempo, reencontraram-se! Ele, já não usa espada. Ela desistiu de ser princesa. Naturalmente, reencontraram-se e são Amigos!
(Esta história, eu ofereço a um Amigo, hoje, dia 7 de Maio! Para ele e para a sua Família um dia muito feliz!!!)