2009-01-23

As nuvenzinhas preguiçosas...

De manhã cedo, custava-lhes muito levantarem-se. Ah! Isso custava mesmo. Podia o vento soprar, o trovão roncar, a mãe chamar e sacudir as nuvenzinhas. Elas abriam um olho, um só, puxavam uma nuvem almofada para esconder a cabeça, viravam-se para o outro canto e continuavam a dormir como anjos.
Só acordavam quando o Sol ia alto, mas ainda ficavam meia hora a espreguiçarem-se pelo céu.
Em parte, a nuvem chefe - a mais velha de todas e muito mandona - tinha razão quando as chamava de preguiçosas.
Era só a mãe pedir:
- Filhas, vão buscar os meus óculos.
Ou ainda:
- Olhem as vossas irmãs que estão a chorar.
A resposta era sempre igual:
- Não podemos, mamã. Agora, estamos ocupadas.
A " ocupação" era ficarem a ouvir as histórias do vento sul, comodamente deitadas, nos ramos secos de algumas árvores muito velhas e pacientes.
.......
Atenção: Do livro escolar « No Jardim da Comunicação».
Texto de: Maria Teresa Vasconcelos ( onde ousei fazer algumas alterações).

2009-01-14

Poema

NÃO QUERO VOAR
Não.
Não quero voar
rapidamente no espaço
e pousar em qualquer lua.
...
Quero uma estrela pequena
do meu tamanho de gente
a iluminar
quem passa
nesta rua.

poema: José Fanha

Canção: Ana Lúcia



2009-01-09

A "crise" e a maçã...

O "Grande e Poderoso Homem" caminhava solitário por um pomar de férteis macieiras.
Na sua mão esquerda segurava o inseparável computador portátil, ficheiro virtual de todos os seus poderes, riquezas e falcatruas.
Chamava-se ele, Adão!
Tão absorvido seguia, pensando nos seus múltiplos negócios e embustes, que nem reparava como eram apetecíveis aquelas maçãs. Nem mesmo deu atenção a um vulto feminino (Eva), que o presenteava com o mais delicioso dos frutos. Não deu atenção à mulher mas...não resistiu ao fruto e trincou a maçã, apesar do seu pensamento continuar obcecado com os cifrões da sua conta bancária!
O "Grande e Poderoso Homem" desconhecia, ou fingia desconhecer que aquele era o fruto proibido que não deveria comer.
A sua mente ficou perturbada, ele desorientou-se e começou a vaguear perdido no imenso pomar. O computador caiu-lhe da mão e ali ficou abandonado.
Ora, toda a gente sabe que onde há maçãs, há lagartas. Também ninguém desconhece que as lagartas são loucas por computadores.
De repente, de todas as maçãs saíam lagartas, que lagarteando, teclando, teclando puseram a descoberto todas as maroscas secretas do "Grande e Poderoso Homem".
Das macieiras, como se de folhas de tratasse, começaram a cair homens da TV, da Rádio e dos Jornais.
O Mundo escancarou a boca de espanto!
- Um Homem em quem todos confiavam! Como era possível?!
ADÃO, REVELAVA-SE UM CORRUPTO!
.....
Moral da estória:
«Todo o "Poderoso e Grande Homem" que não resista às tentações, cai e arrasta-nos (a nós) na sua queda!» (Efeitos da tal globalização)
.....
Termino com um conselho aos corruptos: Se atravessarem um pomar, levem uma venda nos olhos para resistirem às tentações e nunca se arrisquem a levar convosco o computador!
,,,,
Pintura: olbinski
Texto: carolina
Canção: a rã, por ana lúcia palmimha
...
Atenção,para quem goste de assuntos tratados com seriedade leia o documento "Carta Aberta aos Portugueses" no seguinte blog: http://nampulasandre.blogspot.com/ (basta clicar neste endereço)



2009-01-04

A pedido...e um pouco fora de horas...


CONTO DE NATAL
(Esta história passa-se no ano de 2004, no mês de Dezembro.
Qualquer semelhança com personagens ou factos reais é pura coincidência.)

A Rena Namoradeira

Chegara o mês de Dezembro e o Pai Natal, aflito, jogava as mãos ao pompom do seu barrete vermelho e lamentava-se:
- O que farei meu Deus?
Aproxima- se o Natal, tempo de organizar os presentes e aquela Rena só me aparece de fugida, sempre apressada.
Mal tem tempo de para me ajudar a carregar o trenó e a colocar as etiquetas nas prendinhas…
Uma Rena tão competente e aplicada, que me ajudava sempre com tanto entusiasmo!
Agora, desde que se inscrevera na ASAS e frequentava as aulas de informática, passara- se do juízo!
Aprendera a mexer nas teclas e passava os serões “ na paquera”com um veado esbelto e luzidio de belas hastes floridas, que vivia lá para os lados da Islândia.
Bem que o Pai Natal, homem vivido e experiente a avisava:
- Tu tem cuidado, Silvina (era assim que se chamava a Rena da nossa história).
Tu tem cuidado! Nunca se sabe!!...
Será mesmo um veado florido, ou um bicho gordo e de hastes ressequidas???
A Rena, dava aos cascos e não ligava aos assisados avisos do velhote.
E o mês de Dezembro passava, sem que a Silvina tivesse a devida concentração para ajudar com calma, o Pai Natal.
Mas, enfim… chegou a noite de 24 e lá partiram os dois rumo à Terra com o trenó carregado.
Fizeram a distribuição como era costume e regressaram já pela manhãzinha.
Com sempre fazia, o Pai Natal, cansado, sentava- se no cadeirão com os pés de molho numa bacia de água quentinha, e ligava a televisão para ver as novidades na Terra e saber se tudo tinha corrido bem.
Mas, ai dele! A grande notícia dos telejornais era:
GRANDE CONFUSÃO COM OS PRESENTES DE NATAL!
ESTARÁ O PAI NATAL ESCLEROSADO??? (Esmeravam- se os locutores,dos vários canais televisivos).
É que nos abençoados lares terrenos havia espanto e riso!
Os avôs, receberam no seu sapatinho, uma camisa de dormir cor- de- rosa e arrendada.
As avós, um par de patins e uma consola.
Os pais, um baton Chanel e vários cremes anti-rugas.
As mães, um cachimbo e dois pacotes de tabaco
E houve até muitos bebés que receberam dois bilhetes de avião para irem passar 8 dias a Cancun com as respectivas namoradas, ou namorados.
Ao ouvir aquilo, o Pai Natal, jogou de novo as mãos ao pompom e gritou para a rena Silvina que paquerava com o seu veado:
-Trocaste as etiquetas dos presentes e agora todos pensam que estou maluco!
Responde-lhe ela:
-Estou farta de o aturar! Vou antes para a Patagónia com o meu veado florido! Ele recebeu uma proposta e vai dirigir na Terra do Fogo, um hotel de luxo para pinguins endinheirados.
Para o ano, amanhe-se sozinho!
(Bateu de novo com os cascos e raspou-se, deixando o Pai Natal a coçar o pompom.)
Meus Amigos, aproxima-se o Natal de "2009" e se em vez de guizos (à meia noite) ouvirem um barulho mais familiar, não estranhem, é que, o Pai Natal dispensou o barrete ( com o respectivo pompom), comprou um capacete com um luzinha vermelha a piscar no alto e encomendou pela Internet uma MOTO4!
E pronto!
Eu que sou de bom contento, desejo muitas felicidades à Rena Silvina e ao seu veado florido.
E, quanto a presentes, desde que o Pai Natal me deixe no sapatinho “uma barrinha de endereços” e “dois ou três motores de busca”, já me dou por satisfeita!!
PARA VOCÊS UM BOM NATAL!
(Mesmo que os presentes vos cheguem todos trocados)
......
Asas/Dezembro de 2005-12-20
Conto saído desta cabecinha "inventona": Carolina
( Repito, foi um pedido da Teresinha que não quis deixar de atender, apesar de o Natal já ter passado.)