2005-04-02

A Menina do Nenúfar

...."Entretanto a menina, depois de uns dias de sonos trocados, volta à leitura do rio entre as seis e as sete e um pouco mais.Palavras, tainhas e bogas voltam a deslizar por esta ordem.
......Um pouco de cor lhe voltou às faces e as veias azuis e finas pulsam agora normalmente.
Sente que não está só.
De novo um vulto, pouco mais que uma sombra, voltou para a guardar. Por enquanto não sabe quem é nem ao que vem. Mas não está só na noite fria do lago.
Há um novo casaco que a resguarda da humidade do jardim, é o que sente.
E é tranquilo outra vez o seu sono de líquenes, a sua respiração de musgo, a sua quietude de mármore.
.....Menos transparente o seu corpo, menos roxos os seus dedos, outra vez de puro azeviche os olhos.
Apaziguada, dorme e volta a sonhar as histórias todas".
(Do livro,Os Olhos do Homem que Chorava no Rio, de Ana Paula Tavares e Manuel Jorge Maarmelo, pág. 49)

1 comentário:

Anónimo disse...

Que a "nossa" Menina do Nenúfar também volte à leitura dos livros da vida, que viaje com os seus olhos pelas páginas de outras obras, que a cor embeleze o seu rosto angélico e que o guardador dos seus sonhos a contemple e sorria para esta bela realidade!