Quando eu era miúda, se alguma galinha aparecia estrangulada no galinheiro, dizia-se que durante a noite, tinha lá ido um zorra.
Mais tarde, eu soube que uma zorra era o mesmo que uma raposa.
Acontece que, em frente da casa onde eu morava com a minha avó, havia uma mercearia muito antiga, daquelas onde os cheiros a café, petróleo, pão fresco, sabão amarelo, (e sei lá que mais...) se misturavam num odor inesquecível que associamos à nossa infância e às lojinhas onde íamos buscar o que as nossa mães ou avós mandavam.
E assim era a loja das nossas vizinhas Zorrinhas, duas irmãs já velhotas que tinham (vá-se lá saber porquê), este nome.
E lá íamos nós comprar: meia quarta de café, um litro de feijão, meio litro de petróleo e às vezes dois rebuçadinhos que custavam um tostão. A Dulce do Carmo, minha querida amiga de infância, contou-me no domingo que ia buscar bacalhau. No caminho ia comendo pedacinhos "do dito cujo"deixando as postas de bacalhau todas "ratadas". Ao chegar a casa levava um estalo da mãe.
Recordámos com alegria e emoção histórias como esta da nossa infância. Rimos de modo a ouvir-se de longe e o pessoal no restaurante pasmava de ver duas senhoras (nós, apesar de não parecer), rir até às lágrimas como duas tontas.
Amigos que estais lendo este texto, digo-vos que recordo as senhoras Zorrinhas como duas simpáticas senhoras de xailinho nas costas e um um penteado de carrapito. Mas, por mais que tente não consigo dar-lhes outro rosto que não seja o de duas raposinhas, sorridentes e matreirinhas.
12 comentários:
Imagina, Carolina, que na tua ingenuidade infantil, pensavas que as Zorrinhas é que iam ao galinheiro?!! Para mais tu só as vês com "carinha" de raposinhas!!
Eu também não sabia que se chamavam zorrinhas só conhecia o nome de raposas, vai contando essas coisas de infância eu gosto de ler e de ouvir essas histórias,um grande beujo.
Mais uma linda história de infância, por sinal muito engraçada !
É bom recordar,achei muito giro continua para nos deliciares bj :)
Eram umas senhoras já velhotas mt simpáticas, mas realmente não consigo recordá-las a não ser com essas carinhas de raposa.
Tal era a confusão que na infância me fazia o nome delas."Zorrinhas"
Foram os meus alunos de Ferreira do Alentejo que me disseram o que era uma zorra. Só que usavam o termo para se referirem a uma outra professora ;)
De passagem pelo teu blog,fiquei uma vez mais encantada com as tuas histórias. Chavela Vargas é uma das minhas intérpretes favoritas.
Obrigada e um beijinho
grande.
Boa tarde Carolina
As zorrinhas são uma ternurinha e a história de encantar.
Não sei se conheci as manas zorrinhas. Em criança tive uma linda samarra com gola de pele de zorra, assim se dizia.
Se fosse agora não a vestia pq não gosto de peles, nem sequer da minha, que já está mto cheia de pintinhas.
Beijinhos da Bia dos Santos
Carolina
Não sei o que me aconteceu que dupliquei o comment.
Desculpe Beijinhos
Meninas, os duplicados já foram retirados! Não tem importância se vos enganardes no comentário. Eu resolvo o assunto.
:)))
Kanuthya, viva!!!!
Ora essa, a professora de Ferreira era tipo Zorra???
No Alentejo inventa-se cada "nome"!
:)
O que sei da palavra zorra é que é o mesmo que dizer:"raposa velha", diz-se também de alguém muito vagaroso.
Talvez que as tuas Zorrinhas fossem mesmo já entradotas e vagarosas,não seria?
Deviam ser "frescas"!
As alcunhas normalmente, têem fundamento...
Gargalhada geral, ao ler a tua história Carolina!
bjs.
Pois eram velhotinhas e simpáticas!
Uma vez deu "um bagagaio" numa delas e eu com 5 anos de idade "cusqueira" quis ir ver do que se tratava. Então a minha avó amarrou-me no pé da mesa da sala com uma linha de coser e eu ñ pude ir. Se partisse a linha levava uma "nalgada".
Coisas daquele tempo impensáveis agora!...
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