(Fotografia e texto do jornal "Sineense")
Depois havia os Banhos Quentes, que era ao pé de um rio grande onde a gente ia lavar, do lado esquerdo quando vamos para a praia. Os Banhos Quentes eram uma casa grande e bonita, mobilada de camas para os doentes.
Tinham uns tubos grandes debaixo da areia que iam ligar aos banhos com água salgada.
Vinha muita gente tomar banhos quentes e depois ia para casa. Mas muitos ficavam lá o dia inteiro, não tinham meios, e outros que eram aleijadinhos.Tomavam banhos e vinham cá para fora. Tinham um terraço grande, punham cadeiras e eles ali estavam tomando banhos de sol. À porta, havia um aparelho muito lindo que tocava música.
lá dentro havia banheiras de pedra, forradas de azulejo. Cada quarto tinha uma banheira, uma cadeira e um cabidezinho para porem a roupinha e tomarem banho. Vinha água salgada por umas torneiras e arrefecia juntamente com a água doce.
Aquilo era muito bem arranjado. Não tinha muitos funcionários, só uns dois ou três. Homens não sei se havia algum. As moças é que andavam lá a limpar e a arranjar.
.....O texto é um relato da Senhora Dona Maria Delmira Ferreira (87 anos) vizinha dos Banhos Quentes, e que testemunhou a sua destruição aquando do ciclone de 1941.
9 comentários:
Grande é a memória desta senhora apesar da idade. Tem todos os pormenores guardados.
Beijinho para ela.
baci
Maravilha esse relato que eu já ouvira à minha mãe e à minha avó.
Que saudades me trouxe à memória e como eu gostava de usufruir duns banhitos quentes de água salgada nesta época de dias instáveis entre o frio, o calor e o vento ...um beijinho
Que bom seria o banhito!
Gostei de saber estas coisas.
Vidas passadas.
;)
Muito interessante, Carolina!
Sem dúvida que não podemos deixar passar estes testemunhos em branco.
Se o ciclone foi em 1941, já existia muito antes disso!
- Quem diria...!
Nunca tinha ouvido falar.
Queremos mais "reportagens" destas, Carol!
Beijinho para ti e também para a D. Maria Delmira.
Não fazia ideia que, à sua maneira, Sines também tinha umas "termas" !
Faziam jeito agora nestes tempos de "males" na coluna pós-cinquenta ;)
E, como sempre, o encanto das tuas histórias contadas....
A tradição oral que não se perde, são memórias da nossa história.
Gostei de saber mais um pouquinho da história de Sines
Abraceijo
prodigiosa memória.
um dia ,se me lembrar hei-de pedir à minha sogra ,que é de Évora a foto que tem com a família, era ela ainda menininha,na praia de Sines.kandandu
Arlete, manda aí a foto por mail que eu publico.
;9
Apesar de atrasada não quero deixar de comentar. Nasci depois do ciclone (não sabia o ano em que acontecera) mas ainda me lembro de ver no caminho do Convento para S. Torpes (pelo interior), grandes árvores, vivas mas com as raízer semi arrancadas e os meus pais dizerem ter sido ociclone que as deixou assim. A seguir vinham relatos do acontecimento. Quanto à praia, passava lá férias quando era pequena (antes de irmos para S. Torpes) e tenho algumas fotografias tiradas nessas alturas. Um dia publico.
Obrigada pelas memórias.
Beijinho
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