2005-02-28

LEITURAS 1

"Graças ao relativismo ético,a nossa sociedade renunciou à sua função educativa.A família não educa, a escola não educa, o contexto civil não educa.
De facto educar significa conduzir, apontar um caminho, mas, para isso, haveria que saber o rumo a seguir.Como se pode apontar um caminho, se a vida é um vaguear sem destino, se não há limites a respeitar, horizontes a atingir?
Portanto,mais vale confiar no acaso, a bondade natural do ser humano fará o seu papel e do resto tratarão os acontecimentos com que iremos deparar, que nunca serão bons, nem maus e de que, além do mais, não serão minimamente responsáveis.
A tarefa principal dos pais modernos parece ser apenas a de não criarem obstáculos (que poderiam provocar traumas incuráveis), não estabelecerem limites (para não correrem o risco de cortar as asas à natural criatividade infantil).Pensa-se que será a sabedoria inata da criança a fazê-la escolher o caminho que a levará a realizar-se da melhor forma.
Há um belíssimo provérbio africano que diz: «Para se educar uma criança, é preciso uma aldeia inteira.»
E é mesmo assim, precisa-se da variedade e da diversidade das releções e, ao mesmo tempo, da coesão de uma comunidade que respeita e faz respeitar as suas leis.
Talvez seja por isso que a acanhada família mononuclear, apesar de todos os seus cuidados e subtilezas pedagógicas, gera, na maior parte dos casos, crianças eternas, capazes de conjugar até ao infinito um único e importuno verbo: «EU QUERO». "

Do livro de Susana Tamaro «cada palavra é uma semente» (assim mesmo com minúsculas)

1 comentário:

Anónimo disse...

Se os pais lessem nos olhos puros das crianças "Eu quero ser grande", ajudavam-nas a crescer, não se encolheriam perante a sua vontade, não as asfixiariam com materialismos, saberiam dizer-lhes e explicar-lhes o significado e a importância das palavras sim e não...