2005-11-30

Céus...


Hoje, com que maestria, o lusco-fusco se despediu do dia!!!
Não precisou de tintas nem de pincéis.
Um sopro de brisa aqui, um farrapo de nuvem ali, o suspiro duma asa de gaivota acolá, a sombra leve e breve de uma vela de barco...

E não foi preciso mais; já a noite chegou e ainda andamos à procura do nosso olhar que por lá ficou perdido!...
lllllllllllllllllllll





























2005-11-28

La solitude en Paroles...(Le Cicle est fini)



Quadro de Matisse
«La Tristesse»


DÉJENEUR DU MATIN
Il a mis le café
Dans la tasse

Il a mis le lait
Dans la tasse de café
Il a mis le sucre
Dans le café au lait
Avec la petite cuiller
Il a tourné
Il a bu le café au lait
Et il a réposé la tasse
Sans me parler
Il a allumé
Une cigarrete
Il fait des ronds
Avec la fumée
Il a mis les cendres
Dans le cendrier
Sans me parler
Sans me regarder
Il s'est levé
Il a mis
Son chapeau sur sa tête
Il a mis
Son manteau de pluie
Parce qu'il pleuvait
Et il est parti
Sous la plui
Sans une parole
Sans me regarder
Et moi j'ai pris
Ma tête dans ma main
Et j'ai pleuré.
(Encore, Jacques Prévert)

2005-11-27

Encore...Paroles!

Immense et Rouge
Immense et rouge
Au-dessus du Grand Palais
Le soleil d'hiver apparaît
Et disparaît
Comme lui mon coeur va disparaître
Et tout mon sang va s'en aller
S'en aller à ta recherche
Mon amour
Ma beauté
Et te trouver
Là où tu es.
(Ciclo de Jacques Prévert, nas Sardinheiras)

2005-11-26

Paroles para um quadro de Klimt

Chanson
Quel jour sommes- nous
Nous sommes tous les jour
Mon amie
Nous sommes toute la vie
Mon amour
Nous nous aimons et nous vivons
Nous vivons et nous nous aimons
Et nous ne savons pas ce que c'est que la vie
Et nous ne savons pas ce que c'est que le jour
Et nous ne savons pas ce que c'est que l'amour
(Jacques Prévert)

2005-11-25

Paroles de Jacques Prévert...


Je suis comme je suis






Je suis comme je suis
Je suis faite comme ça
Quand j'ai envie de rire
Oui je ris aux éclats
Jáime celui qui m'aime
Est-ce ma faute à moi
Si ce n'est pas le même
Que j'aime chaque fois
Je suis comme je suis
Je suis faite comme ça
Que voulez- vous de plus
Que voulez- vous de moi

( Primeira estrofe do poema)

2005-11-24

Porque hoje...


Porque hoje é dia da Ciência e da Cultura.
Porque a 24 de Novembro de 1906 nasceu Rómulo de Carvalho.
Porque Rómulo de Carvalho (Homem da Ciência), também foi António Gedeão (Poeta, Homem da Cultura), aqui trancrevo, da sua autoria:


Homem

Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.

2005-11-23

Segredos...


"Era uma vez um rapaz que morava numa casa no campo. Era uma casa pequena e branca, com uma chaminé muito alta por onde saía o fumo da lareira, que no Inverno estava sempre acesa, e que servia para cozinhar e para aquecer a casa."


E é assim que começa este livro do Miguel Sousa Tavares, que ele dedica ao seu filho Martim "que queria saber porque é que as estrelas não caem do céu."
O estilo da escrita faz lembrar o da sua mãe Sophia, bonito, simples e muito descritivo.
As ilustrações muito belas são da Fernanda Fragateiro.
Parece-me um bom livro para as crianças lerem, ou para ser lido em voz alta por pais ou avós aos meninos que ainda não dominem a leitura.

E já que me foi oferecido por uma amiga, informo-a que o li para mim própria em voz alta!...(Para que a menina que cá dentro existe, o pudesse escutar).
E já que de "Segredos" intitulei este "escrito", não posso deixar de transcrever a dedicatória que a minha amiga Ana me fez e que li comovida:
"Para a minha amiga Carolina, que guarda segredos no mar, no coração e no olhar e... continua a saber que «O Segredo é Amar»".
E eu respondo : Pois...

Obrigada, Ana Maria!!!

2005-11-22

A criança e o espanto de não haver guerra!


"Enfiado no banco de trás do carro, em plena Avenida 24 de Julho em Lisboa, a meio da década de 90, Jovete espreitava timidamente o correr das ruas quando lançou a incrível pergunta: «Há quantos anos não há guerra nesta cidade?»
Jovete vivia num bairro do Cuíto, no Sul de Angola. Quando o conheci, a guerra ainda estava longe do fim.
Tinha 11 anos e arrastava o seu corpo magro sobre umas "canadianas" de ferro, pesadíssimas, sem a perna que tinha perdido devido ao rebentamento de uma mina ao tentar recolher alimentos para a família.
...Após longos tratamentos médicos, Jovete voltou para Angola.
Acredito que, por estes dias, estará entre os que festejam, a 11 de Novembro, de uma forma especial, os 30 anos da Independência de Angola. Por várias razões.Porque a paz está consolidada, porque o país está a melhorar e porque a selecção angolana vai a caminho do Mundial na Alemanha.
E também porque quando viajar pelo país dele, Jovete também já poderá fazer a pergunta: há quanto tempo não há guerra nesta cidade?"

(Extracto da crónica de Cândida Pinto, "Lá Fora"; Revista "Única" do Expresso de 5/Novembro/2005)


2005-11-21

Roubalheiras...


(Dedico ao Homem que Chorava no Rio e à sua Menina do Nenúfar, agora... Menina do Mar)

Quando os olhos
Se fecham
E a vida
É quase um sonho
É que tu chegas
Devagarinho
(para eu não despertar)

A tua mão
Morna e macia
É como um voo de pomba




O teu cheiro
A maré fresca
Onde me enrosco
E adormeço

Meu corpo
Um rio
Teu corpo
O Mar

- Fotografia de J.G. (roubo devidamente autorizado)
- Texto (roubado) à minha gaveta das memórias






2005-11-20

Para a Carolita!



Tenho uma afilhada
Chamada Carolina
Que vive em Santiago
No alto da colina

Ela telefonou
E disse-me assim:
Então hoje não fazes
Um verso para mim?

Aqui vão os versos
Perfumados de rosa
Para uma menina
Muito mimosa

Mando esse raminho
Gostarás de certeza
Coloca numa jarra
Para enfeitar a mesa

Beijinhos para ti
Para o Dudu e Sofia
Ter estes "amores"
É uma grande alegria!

2005-11-17

Olha, Saramago...


"E no dia seguinte ninguém morreu."



Gostei do teu Memorial do Convento; li (gostando menos) A Jangada de Pedra.
Mais tarde, peguei noutro livro teu (esqueci o título) e não consegui terminá-lo.
Pensei: Chega de Saramago!!!
Pouca mossa te causaria esta minha "retirada", és um Nobel e tens milhões de leitores por esse mundo fora.
Todavia, a conselho de amigos, entrei na livraria e peguei no teu último livro "As Intermitências da Morte". O próprio livreiro me disse que estava a lê-lo, e que o livro era interessante.
-Pois sim, (pensei), ainda não será desta que me convencem!...
Abri o livro e li a dedicatrória: "A Pilar, minha casa"(assim mesmo, breve, sucinto e sem ponto final).
A simplicidade e a força destas 4 palavras acabou com as minhas hesitações.
Um escritor, que dedica uma obra à sua companheira, assim com esta intensidade expressiva, MERECE SER LIDO!!!!
Mais te digo, Saramago, vou na página 52 e estou a gostar. Com "olho de lince" e grande sentido de humor, fazes a análise deste "mísero mundo politiqueiro" em que vivemos.
E já agora , cumprimentos à tua companheira Pilar, tua casa (e em tua homenagem vou abolir o ponto final deste meu "escrito")

2005-11-16

Memórias...


(Van Gogh)




O ar
é tão leve
nos telhados do mundo
a alma flui
no silêncio profundo

Um melro voou
Cheira a rosmaninho

E eu
não sei de te invento
(assim) no caminho

(Mémórias de uma viagem por serranias de Trás -os- Montes.
Tudo tão alto e tão sereno que o Mundo parecia caber todo inteirinho na palma das nossas mãos.
Tudo tão no alto que a aldeia se chamava Telhados.
Lembras-te?
(Claro que não! As invenções não têm memória.)

2005-11-15

Amanhã mudo de tema, juro!...


Lua cheia


Boião de leite que a noite leva
Com mãos de treva
Para não sei quem beber.

E que, embora levado
Muito devagarzinho,
Vai derramando pingos brancos
Pelo caminho.

(Cassiano Ricardo-Brasil)

2005-11-14

Luar

O Luar enche a terra de miragens
E as coisas têm hoje uma alma virgem,
O vento acordou entre as folhagens
Uma vida secreta e fugitiva,
Feita de sombra e luz, terror e calma,
Que é o perfeito acorde da minha alma.
(Da Sophia...)

2005-11-12

A flor...



Veio uma gaivota
Pousar na janela
Trazendo no bico
Uma flor amarela



Por falta de hábito
Mostrei estranheza
Perguntei- lhe o porquê
Da delicadeza

Pousou a flor
E saiu voando
Eu passei o dia
No caso pensando

Se a ponho na jarra
Ela vai secar
Viverá para sempre
Se eu a partilhar

Eu dou a vocês
A flor amarela
Que a gaivota deixou
Na minha janela!

(Por acaso, eu...)


De Vinicios de Morais

A um passarinho

Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.

Deixa- te de histórias
Some-te daqui!

(Poemas, sonetos e baladas)

2005-11-11

Canção para um Amigo triste...


"Triteza não tem fim
Felicidade sim..."

(Mas mudemos a letra, tentando manter a melodia...)

A Felicidade é como um Sol
(está sempre lá)
Um dia a nuvem esconde
No outro brilhará!!!

(Pede- se que seja lido, a cantarolar!)

2005-11-10

A lua na janela...




Lá está ela a quartocrescer!!!

Para meditar...


Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi- lhe uma lágrima
para analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterelizado.

Olhei- a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu- me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

( De António Gedeão)

2005-11-09

Coisas do calçadão...


Um bando de gaivotas disputava freneticamente um frasco acastanhado, que na orla da maré, relobava ao compasso da ondulação .
Ora uma, ora outra "abicanhavam" o dito frasquito, deslocando-se com ele até que (rapidamente) lhe era roubado.
Fiquei a observar intrigada.
E conclui : Deve ser algum frasco de antibiótico, "remédio santo" para uma provável gripe das aves!!!
Ó bicho inteligente!!!!
(Por incrível que vos possa parecer, juro que não inventei nada.)

2005-11-08

João Henriques, poeta- pintor- palhaço!!!



Eu sou o poeta- pintor,
Que gosta de ser palhaço;
Misturo poesia na cor,
Das palhaçadas que faço.

Ainda do amigo João Henriques!




Boa como o milho!
Linda como a lua!
E já traz um filho
A correr na rua.

2005-11-07

Desde Agosto/69 na minha estante...


"Diga as suas tristezas e os seus desejos, os pensamentos que o afloram, a sua fé na beleza.
Diga tudo isto com uma sinceridade íntima, calma e humilde.
Utilize, para se exprimir, as coisas que o rodeiam, as imagens dos seus sonhos, os objectos das suas recordações.
Se o quotidiano lhe parecer pobre, não o acuse: acuse- se a si próprio de não ser bastante poeta para conseguir apropriar- se das suas riquezas.Para o criador nada é pobre, não há sítios pobres, indiferentes."

« Cartas a um jovem poeta» de Rainer Maria Rilke.

2005-11-06

Sardinheiras


As Sardinheiras
desejam a todos
um Domingo florido!!!

2005-11-05

Da minha janela...neste momento.

A Lua
(em quarto crescente)
pendurada- se
numa estrela
por um fio invisível!

Outono

Desenhas no ar
A palavra adeus
No voo
Das andorinhas
Gemem os passos
No estalido seco
Das folhas
A quebrar- se
Espreguiças- te
Nos braços
Das árvores despidas
(Não te esqueças)
Perfuma- te
De castanhas

2005-11-04

Conseeeguiiiii !


Nem me atrevo a pôr já outra imagem.
Tenho medo que não resulte.
Mais logo, talvez!...

Atrevi-me e resultou!
Vou tomar um calmante!!!!
São emoções demais para uma sexta- feira!

2005-11-03

1,2,3,experiência!!!....

Será que vou conseguir "plantar" uma ávore???

Aconteceu!!!

Num dia de vendaval
Deu- se um fenómeno engraçado,
(Acreditem!) choveu peixe- agulha
Em cima do meu telhado.

Canas, minhocas, anzóis,
Aquilo é que foi uma festa;
Num terraço cheio de peixe
Fomos todos para a pesca!!!

Para quê ir ao mercado?
Quero lá saber da lota!
Cai- me o peixe na panela
Do bico duma gaivota.

Ó amigas voadoras,
Minha vida é um regalo,
Só vos peço que na próxima
Deixem cair um robalo!...

Digam lá se não é bom
Viver tão perto do mar?!
Mesmo sem sair da cama
Nós conseguimos pescar.

(Quadras "pesqueiras" inspiradas no relato dos meus vizinhos do 5º andar, no dia em que uma gaivota, deixou cair um peixe no seu terraço).



2005-11-02

O amor...

O amor é como duas borboletas que estivessem
sobre uma rosa, a mais linda de todas do jardim.
O amor tem que haver.
Se não houvesse amor não havia nada bonito.
O amor são duas estrelas a brilhar, a brilhar.
A rosa e o sol são o amor.
O amor é a poesia.
O amor são dois passarinhos a construir a sua casinha.
O amor é não haver polícias.

(inácio da silva cruz
10 anos)

2005-11-01

Definição...

( Do livro "a criança e a vida" de Maria Rosa Colaço)

A morte

A morte é sossego e flores
Eu acho que ela é um homem amarelo.
Eu, se visse a morte ao pé de mim, atirava- me
duma janela abaixo: antes queria morrer sozinho.

(victor pinho moreira
8 anos)