2006-12-31

Feliz Ano Novo!


A Tuscha e a Carolina, desejam a todos os Amigos um Feliz Ano Novo!
Se possível, com SOL NA EIRA E CHUVA NO NABAL!
(O que não me parece fácil, mas podemos sempre sonhar com um Ano a contento de todos!)





(Esclarece-se, para alguma duvida que possa surgir, que a imagem representa, não a Carolina, mas a Tucha no seu 2º ano de engorda, "benza- a" Deus!)

2006-12-30

Vida









"O que é a vida?"
(E os meninos responderam)

- A vida são pássaros a cantar.
- A vida é a paz.
- A vida são as meninas que estão lá fora a fazer rodas.
- A vida é alegria e sol.

( Do livro " A Criança e a Vida")

www.cantodasletras-asas.blogspot.com

2006-12-29

quadrinha...


Um soninho regalado
Numa lua a balançar
Que outra coisa poderá
A menina desejar ?


(Tem clicado em: www.cantodasletras-asas.blogspot.com ?)

2006-12-28

A Tuscha! (gosto assim com 's' antes do 'c' )


Em Ermidas do Sado, o Sr. Campos tinha em casa uma porquinha.
O Sr. Campos tinha sido carteiro em Santiago e passou a chefe do Correio em Ermidas.
Eu e a minha amiga Ana Maria, acabadinhas de sair do Magistério em Évora, fomos colocadas em Alvalade do Sado. Ficámos por lá seis (alegres) anos.
Em determinada altura, meteu -se- nos na cabeça ir aprender a tocar viola, para podermos acompanhar os alunos nas cantorias.
Durante alguns meses, duas vezes por semana, lá íamos nós a caminho de Ermidas a casa do Sr. Campos que nas horas vagas era "professor de música"!
Como se de um cãozinho se tratasse, pela casa circulava uma bacorinha rosada e rechonchudinha que era o "ai Jesus" do casal Campos.
- É a Tuscha- disse-nos ele, com um olhar enlevado para o bichinho.
E nós, eu e a Ana, lá íamos fazendo os nossos dedilhados acordes (mais propriamente desacordes) na companhia da Tuscha.
A Ana ainda se ajeitava, agora eu...nada!
Até que um dia fomos DESPEDIDAS!
Era altura de férias e o nosso "mestre" disse: "Depois das férias telefono e vocês voltam!"
Nunca mais telefonou e nós nunca mais voltámos.
A Ana diz que a culpada fui eu porque nesse último dia resolvi cantar ( a plenos pulmões) a Malaguenha Salerosa, enquanto o Sr. Campos tocava a dita melodia.
- Assustaste o homem ou a bacorinha! - diz ela, ainda hoje.
Eu penso que ela está enganada, porque eu até cantei tão bem!... Parecia uma espanhola!...
Muito nos rimos depois com o acontecido e ainda hoje para espantar o mau olhado canto a tal Malaguenha.
Voltando à Bacorinha que é o tema deste texto.
Não sei se a Tuscha também dormia na cama com o casal Campos, tal como faziam os avós do José Saramago com os seus frágeis porquinhos. (Relato que faço na postagem anterior).
O que sei é que se o Sr. Campos tentou ensinar a sua porquinha a tocar viola, ela aprendeu certamente com muito mais facilidade do que eu.
Onde andará hoje o bondoso Sr. Campos, que com tanta paciência, durante meses aturou os nossos desacordes?
Cá me parece que andará no céu, ensinando os anjinhos a tocar (harpa?), enquanto a Tusha, sentadinha numa nuvem lhes vai mordiscando as asas.

2006-12-25

Uma história de Natal


Era uma praia. A maré estava vazia. Um menino e uma menina estavam sentados numa rocha a olhar para as gaivotas.
- Eu gostava de ser uma gaivota! - disse a menina.
-Pois, mas não podes! Deixa lá, eu vou desenhar-te um cisne - disse o menino.
Pegou numa pedrinha e, na areia molhada, desenhou um belo cisne.
Tão belo e elegante que mais parecia um cisne de Tchaikovsky!
Depois, cuidadosamente tirou-o da areia, e foi pô-lo a deslizar nas águas calmas do mar.
-Tão bonito! - disse a menina. E gostou tanto que quase se esqueceu de que queria ser uma gaivota.

Então, ela pegou na pedrinha e desenhou uma estrela do mar. Prendeu - a no bico duma gaivota que a levou pelos ares fora e a deixou pregada no céu.
- Pronto! - disse ela. É tua. Vai ficar lá a brilhar para ti.
O menino olhou o céu que escurecia e agradeceu.
De repente, um nevoeiro fino, quase tule, quase gaze envolveu a praia e como num sopro, como num sonho tudo se desvaneceu.
Nada restou a não ser uma pequena estrela lá no alto. Um brilhozinho baço que numa noite fria e escura como a desta noite de Natal, tenta iluminar um homem que passa na rua, mergulhado nos seus pensamentos.

( Não sei se isto é uma história. E muito menos sei se será uma história de Natal. Mas, para uma "Bailarina de Degas" foi o que me ocorreu...)

2006-12-24

Então, ajuizadamente, lá vai...




Desejo a todos os Familiares, Amigos, Conhecidos ou Visitantes das "sardinheiras um "FELIZ NATAL"!!!

2006-12-22

E lá se vai ele!...




Já estou velho
e cansado
de ser Pai Natal.
Vou pedir a reforma
lá p'ro Carnaval!





Sempre gelo!
Nesta idade
já tremo de frio.
Vou embora
vou passar
o Carnaval no Rio.

Vou andar de tanga
berber caipirinha
mergulhar nas ondas
com uma "brasinha"

Vou no Carnaval
tocando pandeira
bandeando a anca
danço a noite inteira

Ai...ai...


De ano para ano,
o saco fica mais pesado.
Sem renas e sem "motoquatro"
Começo a ficar cansado!

2006-12-20

"Coisas" da Zília!















A menina do calçadão
O mar, por ela se apaixonou
Neptuno?! Neptuno sorriu de emoção!
Olimpo, reino de ninfas a dançar
Sorridente, o luar no céu brilhou
Com ternura, todos a foram abraçar
E no calçadão a menina passou
Por ela, se apaixonou o mar

(Para escrever estas "coisas" (liiiindas), a Zília deve ter confundido a tal menina com alguma bela gaivota... ou então foi a fotografia que tirou da minha janela que lhe deu volta ao miolo! Mas...gostei! Obrigada!)

2006-12-19

Afectos...



Para aqueles Amigos (as) que possam estranhar a minha ausência nas Sardinheiras, eu gostaria de explicar que tenho andado um pouco dividida, porque criámos um Blog (colectivo), na Academia Senior de Artes e Saberes (ASAS).
Esse novo projecto, precisa que lhe demos algum impulso inicial para poder criar asas e voar.
Tenho- me dedicado com mais frequência ao "cantodasletras", deixando um pouco ao abandono as minhas Sardinheiras.
Posso tardar mas... volto sempre!
De qualquer modo se clicarem em www.cantodasletras-asas.blogspot.com seguramente me encontrarão por lá, juntamente com outros companheiros (as), que tentam com o seu saber e arte fazer daquele "espaço" um canteirinho florido, que mais não seja de AFECTOS!!!

2006-12-14

Neste Natal, ofereça livros...







A Hora do chá

As manas tartarugas
já são muito velhotas
todas cheias de rugas:

- Que frio! Tarde feia!
Esta casinha às costas
é mesmo boa ideia!

As manas tartarugas
lêem, bebendo o chá,
quando avistam três pulgas:

- Mau! Letrinhas escuras
para cá e para lá
até fazem tonturas...

"Conversa com Versos" de Maria Alberta Menéres, uma bonita prendinha para os mais pequenos.

Uf!...

Vou veloz
Vou correndo
Vou na toda
que já tenho:
Muita pressa
muita pressa
muita pressa
muita pressa...


2006-12-13

Ravel


Perdi os olhos nas ondas
Levou-os uma sereia
Não te vi
Não te encontrei
No mar meu olhar vagueia

2006-12-12

Por falar em Natal...




Olha colega Margarida, concordo contigo quando dizes que:
"O melhor de tudo é a alegria das crianças!"

2006-12-11

Vamos lá!...


É com toda a IMODÉSTIA que vos aconselho uma "espreitadela" em:

www.cantodasletras-asas.blogspot.com

2006-12-10

Adormeceu...


Adormeceu o dia
desfazendo-se em cobres
(placidamente)
sem acenos

2006-12-07

Sonharão os Ursos??...


Certamente que sim!
Sonham ter uma Ursa airosa e prestável, que lhes ponha a mesa e lhes escove o pêlo!
E não duvido que os sonhos das Ursas sejam iguais!
Na verdade, estes são uns animais muito "humanóides", ou seremos nós muito "urselinos"???




(Longe de mim ferir suscetibilidades. Que nenhum "ursinho" ou "ursinha" se sinta atingido, mas não resisti a inventar umas palavrinhas para tão sugestiva imagem)

2006-12-06

O Sol lagoando-se...

AS CORES DO SOL
Ao cair da tarde
Penso sempre mais
E a luz que me invade
São as cores naturais
Cada figura
que passa por mim
nem me perturba
e eu fico assim
Longe me leva este silêncio
e o sentir que se altera
são as cores do sol
E eu fico encantada
e eu sinto-me a arder
quando o dia se apaga
fica tanto por ver
(Este poema pertence a uma das canções dos Madredeus, no seu disco "o espírito da paz". Transcrevo-o, dedicando- o à minha amiga Zília, autora da foto que ilustra este texto,( um pôr-do-sol na Lagoa de Santo André).

2006-12-05

Passeios...


Viajamos tantas vezes para longe sem nos darmos conta de tanta beleza que temos perto de nós!
Esta é a nossa Lagoa de Santo André!
Sabia?

(Fotografia de Zília Pereira, tirada junto do Monte Paio)

2006-12-03

Mau Maria!...


Acho que me vou reformar.
Estou farto!
Cada vez fazem as chaminés mais estreitas!
Sou obrigado a fazer dieta!
Ora a minha vida!!!

2006-12-01

Velas



Hoje, acordei com este pensamento muito claro e lúcido:
"A minha vida tem sido uma sucessão de velas a acender e a apagar!"
E cada vez que uma se apaga vou logo acendendo outra, apesar de saber quanto a sua luminosidade é transitória.
São velas de vários tamanhos, cores e feitios.
Umas, inodoras; perfumadas, outras.
Todas diferentes!
Apenas um factor comum: Todas se extinguem!
Algumas apaguei!!!...

2006-11-30

Mau, Maria!...


Tenho 25 dias para
domesticar o raio da rena!!!

2006-11-29

Olha...


...sabes onde vai a lagartixa?
Vai espreitar outros blogues.
Clica aqui www.cantodasletras-asas.blogspot.com e terás "escritos" sérios e outros divertidos, terás música e quem sabe não poderás mesmo dançar!!!
Ora vai lá!
Segue a lagartixa, ela leva-te!!!

2006-11-28

Suspiro do dia!



Ó dia bonito, hoje!
Até apetece esvoaçar de flor em flor!

2006-11-27

Lembra-te


Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos
( Do poeta e pintor Mário Cesariny, falecido ontem)

2006-11-25

Se fosse vivo...






Reflexão total

Recolhi as tuas lágrimas
na palma da minha mão,
e mal que se evaporaram
todas as aves cantaram
e em bando esvoaçaram
em torno da minha mão.
Em jogos de luz e cor
tuas lágrimas deixaram
os cristais do teu amor,
faces talhadas em dor
na palma da minha mão.

(Se fosse vivo, ontem seria o dia do seu aniversário: António Gedeão)


(Visite o fresquíssimo blog da Asas: www.cantodasletras-asas.blogspot.com )

2006-11-24

Como uma folha...

GESTOS SOLIDÁRIOS
Mesmo no meu prédio, duas portas mais à frente há um cafezito, onde sempre vou "matabichar".
Hoje, manifestando eu a minha preocupação em voltar para casa, tal era a força do vento (não seria a 1ª vez que me causava desiquilíbrio), um senhor pegou- me na mão e disse: Venha vou levá- la até à sua porta!
E foi!
Assim, sem mais conversas, preâmbulos ou rodeios.
Cheguei sã e salva e com a sensação de que, com o gesto solidário e amável daquele senhor o dia já valeu a pena, apesar de chuvoso e ventoso!
Nem tudo está perdido, Amigos!
Talvez que o Mundo ainda tenha salvação!...

2006-11-23

Não perdi nada...


SUL (Viagens)
Uma das pessoas que me ensinou a viajar foi a minha mãe.
Ensinou-mo com uma simples frase: «Miguel, viajar é olhar.»

(Isto diz Miguel de Sousa Tavares, falando de sua mãe Sophia de Mello B.Andresen)

2006-11-22

Ausência!


A ASAS criou um blog, que nos tem ocupado um pouco. Daí a minha ausência nas Sardinheiras.
Mas, voltei!
Voltei e convido- te a espreitar esse nosso animado e colorido blog:
www.cantodasletras-asas.blogspot.com
(Se queres dar o teu parecer, depois de abrir, clica em comments.)
Serás bem vindo!

2006-11-19

Saramago e saramago!...



Sabes que há uma planta chamada "saramago"?
Pois, digo-te que é uma planta da família das brassicáceas (seja lá isso o que for), comestível e vulgar em quase todo o país, mais conhecida por "rábano-silvestre".


O outro Saramago é o nosso Prémio Nobel!
Comecei a ler o seu último livro "As Pequenas Memórias" e recomendo-o.
É um livro ternurento.
Recordações da sua infância e adolescência até aos 15 anos.
Parece-me que este Saramago me vai encantando e quem sabe, não serei capaz de pegar naqueles livros, dele, que me parecia não ter vontade de ler.
Veremos...
Darei notícias!...

2006-11-17

Patices de quá...quá!!!


Tricota, patinha!
O frio
está chegando...
Tricota e vigia
os lindos patinhos
no lago nadando.

Agasalha-os
quentinhos
(que o Outono é assim)
Se não os proteges
em breve estarão
a fazer: atchim!!!

2006-11-15

Sinfonia para uma noite de chuva...

Violoncelos
ecos líquidos
tangendo
nas asas do vento
bailação de gaivotas
acenos de veleiro
lamento
( Para um quadro de Amadeu de Sousa Cardoso)

2006-11-14

Gravatas


«Com uma gravata "à altura"
Nunca fazes má figura!!!»

(Provérbio acabadinho de ser inventado!...)

2006-11-13

Leituras!


AS PEQUENAS MEMÓRIAS
Deixa-te levar pela criança que foste

"Às vezes pergunto-me se certas recordações são realmente minhas, se não serão mais do que lembranças alheias de episódios de que eu tivesse sido actor inconsciente e dos quais só mais tarde vim a ter conhecimento por me terem sido narrados por pessoas que neles houvessem estado presentes, se é que não falariam, também elas, por terem ouvido contar a outras pessoas. Não é esse o caso daquela escolinha......." (pág 63)

(Excerto do último livro de José Saramago)

2006-11-12

Noite


Milhões de barcos perdidos no mar!
Perdidos na noite!
As velas rasgadas de todos os ventos
os lemes sem tino
vogando ao acaso
roçando no fundo
subindo na vaga
tocando nas rochas!
E quantos e quantos naufragando...

Quem vem acender faróis na costa do mar bravo?!
Quem??

(De Manuel da Fonseca : Noite)

2006-11-11

Navegar, navegar...


Sou barco de vela e remo
sou vagabundo do mar.
Não tenho escala marcada
nem hora para chegar:
é tudo conforme o vento,
tudo conforme a maré...

Muitas vezes acontece
largar o rumo tomado
da praia para onde ia...
Foi o vento que virou?
foi o mar que enraiveceu
e não há porto de abrigo?
ou foi a minha vontade
de vagabundo do mar?
Sei lá.
Fosse o que fosse
não tenho rota marcada
ando ao sabor da maré.
É por isso, meus amigos,
que a tempestade da Vida
me apanhou no alto mar.
E agora
queira ou não queira,
cara alegre e braço forte:
estou no meu posto a lutar!
Se for ao fundo acabou-se.
Estas coisas acontecem
aos vagabundos do mar.
( De Manuel da Fonseca, o poema: O vagabundo do mar)

2006-11-08

Demolir o Mercado?


Se eu fosse peixe ficava "escamado"!
Se eu fosse tomate corava?
Se eu fosse flor murchava!
Se eu fosse laranja azedava!
Mas sendo eu, apenas eu, pessoa e Carolina só me resta ficar triste e preocupada!
Outro "mamarracho" vai surgir em Sines!
Não haverá outra solução que não seja destruir um edíficio que tão bem está integrado na zona circundante?
Vamos arranjar mais comércio para estar "às moscas"?
Vamos arranjar mais comércio para acabar de vez com os comerciantes da terra?
Vamos ficar de braços cruzados, assistindo, falando, falando e nada fazendo!!!
Nós somos assim!

2006-11-07

Outono


O Outono devolve à terra as folhas que ela emprestou no Verão!

(G.C. Lechtenberg)

2006-11-06

Stress...






Não me digam nada!
Não me digam nada!

2006-11-02

Leituras!


O PODER DOS SONHOS
(Luis Sepúlveda)
"Por todo o lado encontrei magníficos sonhadores, homens e mulheres que porfiadamente acreditam nos seus sonhos. Mantêm- nos, cultivam- nos, multiplicam- nos. Eu, humildemente, à minha maneira, também fiz o mesmo."

"Como é seu hábito, o escritor chileno usa o seu talento de narrador para denunciar o estado de inquietação do país que ama e que o viu nascer, do país onde escolheu viver e do mundo inteiro em geral. É portanto um forte sentimento de humanidade o que une as histórias e reflexões aqui reunidas, sempre pontuadas por uma convicta e apaixonada participação no destino dos marginalizados, dos esquecidos e das vítimas."
(Transcrito da contracapa)

Pronto!


Já dei com a varinha de condão na cabeça da bruxa!
Ficou atordoada!
Por uns tempos ficaremos em Paz!
Um dia cheio de MAGIA para todos!

2006-10-29

A propósito...


Veja o meu anterior "escrito" a propósito do lançamento do último livro de António Lobo Antunes.

Sinopse
Uma noite ninguém dorme, e durante a meia- noite e as cinco da manhã, as pessoas sonham acordadas no sono: contam e inventam as suas vidas e as suas histórias, ou as histórias em que se transformaram as suas vidas, ou as vidas que transformaram em histórias.
( Transcrito do blog: acrisalves)

2006-10-27

Gosto dele!


No livro "Conversas com António Lobo Antunes", ao ser entrevistado pela autora, o pai do escritor confessa:
A vida é curta para ler o António. Eu já não tenho paciência. É complicado de ler. A mãe lê-os todos.

Eu já li alguns livros do António Lobo Antunes. Na verdade, o fluxo de ideias que o assaltam e que ele nos quer transmitir é de tal ordem que quase parece uma avalanche. Eu fico cansada de tentar desenlear aquela meada.
Eu sei...eu sei, que é a sua maneira de escrever, sei que é esta "maneira" que o torna tão original e apreciado em tantas partes do mundo.
Digo, já li alguns livros e vou continuar a ler outros porque o António Lobo Antunes é uma pessoa de quem gosto.
Conheço-o apenas das entrevistas lidas nos jornais ou vistas na televisão.
Fico sempre surpreendida e seduzida, por aquele seu jeito "sem jeito" de responder ao entrevistador.
Confessa-se uma pessoa cheia de pudor (em revelar sentimentos) e no entanto desnuda-se dizendo: Tenho saudades do meu avô paterno porque foi a única pessoa que se despedia de mim à noite com um beijo e me aconchegava a roupa.
Ou: Fiz dieta há pouco tempo para ficar mais bonito e voltar a sentir os olhos das mulheres a seguir- me.

Gosto do seu ar meio ausente ( sempre noutro mundo, o seu mundo), dando sempre respostas muito inteligentes e reveladoras de uma enorme sensibilidade.
Olha, António, tens aqui uma admiradora que te quer bem, mais pela pessoa que pareces ser, do que por aquilo que escreves, apesar de não duvidar que os teus livros sejam grandes obras.
Mas, como diria o teu pai : Falta-me a paciência para os ler. Por vezes deixo-os a meio, confesso.
É que não sendo eu a tua mãe, não sinto essa "amorosa obrigação" de os ler de fio a pavio. E depois, já há tanta gente a lê-los por esse mundo fora que não há que ter remorsos.
Não estarás tão "elegante" como a tal dieta te deveria ter deixado, mas és uma pessoa encantadora!
Que mais não seja, só por isso,talvez compre o teu último livro!
E, cuidado... se te descuidas, um dia destes, ainda te dão o Nobel!
Eu gostava!
( Na imagem o livro de Maria Luisa Blanco "CONVERSAS COM ANTÓNIO LOBO ANTUNES")

2006-10-26

E pronto!



Recatadamente e sem alaridos voltemos às "costumeiras" e sóbrias ceias!
Torradinha e copinho de leite!
Para vocês um bom serão e uma noite bem dormida!

(E deixa-me lá agarrar nas torradas antes que se "raspem". Estão com um ritmo diabólico!)

2006-10-25

Gestos saborosos...




Yupi!!!!
Sabem o que foi o meu jantar, hoje????
Um delicioso, um cremoso, um fofíssimo, um morníssimo, um.... um... faltam-me os adjectivos para qualificar aquele ARROZ - DOCE que a Teresinha me ofereceu.
Hum...e que cheirinho a canela!!!
Obrigada! Estava uma maravilha!

(Cresceu-vos água na boca? Invejosos...)

2006-10-23

Desabafos de Gato Vadio!


Fica um gato "escalfado" de "gatear" toda a noite de um lado para o outro, sem saber onde se meter com tanta chuva.
Os telhados ficam escorregadios.
As ruas ficam uns charcos.
Os ratos não saem dos buracos.
As gatas metem-se debaixo das saias das donas"salvo seja", no aconchego dos sofás ( que o tempo ainda não é de lareiras).
E eu deslizo de goteira em goteira encharcado que nem um pinto!
Um verdadeiro Gato-Pingado!( Mais precisamente, Pintogado!)
Hoje passei o dia "esparramado" neste muro, estendido que nem um cação a ver se enxugo o pêlo. Olho aberto, olho fechado, à beira dum ataque de nervos.
Na próxima "reengatação", se tiver que ser gato, pois que seja o Gato das Botas!
Ou, talvez o Gato Malhado (da) Andorinha Sinhá, mas aí... irei morrer de amores e isso também não me convém.

E porque não Um Gato no Escuro, como o gato do Mia Couto?
Uma coisa eu espero. É nunca vir a ser aquele do "aaaatirei o pau ao ga...to...to", porque aí então, tenham a santa paciência, dou uma paulada na D.Chica e acaba-se logo com a cantilena.
Vida de gato vadio não é fácil!!!

Ai... Ai... (quer dizer) Miau...Miau!...



2006-10-19

Desabafos de um Caderno Diário!


( A pedido da minha afilhada Carolina Jerónimo Santos, que tem dez anos, transcrevo um texto da sua autoria)

O CADERNO DE LÍNGUA PORTUGUESA A FALAR

É pá, calem-se lápis e borrachinhas. Eu quero contar uma história sobre todos os cadernos. Calem-se, calem-se, calem-se!!!
Eu sou um caderno de escola e a minha dona é maluca, põe-me na mochila "à balda".
O meu colega estrangeiro, o que fala inglês, já está todo esborrachado e ainda só tem um mês de uso. A minha dona já perdeu um outro meu colega. Esse chamava-se "Estudo Não Acompanhado", que tem a mania de pôr a palvra NÃO em todas as frases. Amigo, tens que tratar dos erros!...
Eu tenho tudo em ordem; os sumários, a letra, os apontamentos...
Às vezes sinto comichão, abro-me todo e vejo as letras a jogar à apanhada e outras com malas.
Olho para a minha frente e vejo-as a construírem uma casa noutro caderno. Parece que se querem mudar.
Não querem que eu conte a história toda?
Está bem, conto só metade.
Bem, continuando; o meu amigo Dossier coitado já deve estar todo marreco porque ficou no meio dos livros dentro de uma mochila que pesa uma tonelada.
Agora vamos falar dos livros.
Os livros de História são muito "lembriscos" só querem escrever coisas difíceis e a minha dona não se dá com aquilo.Os livros de Matemática só querem fazer filhos. À minha dona já dói as costas de carregar tantos filhos (livros); tem de andar carregada. É uma desgraça!
O livro de EVT não deve servir para nada, só chateia de tanto dizer para toda a gente olhar os seus desenhos.
Os livros de Música já me "enjoam" de tanto ouvir instrumentos a tocar: violinos, flautas, etc.
E é tudo!
Todos os cadernos e livros têm defeitos!

(E acrescento eu - a madrinha)- : Se calhar os livros e os cadernos são como as pessoas. Têm defeitos, mas também têm QUALIDADES, e devem, por isso, ser estimados e bem tratados. Não te esqueças disso minha linda Afilhada!)

E aqui ficou o texto da Carol, feito com muita imaginação. Eu trancrevi-o na íntegra, limitando-me a acrescentar uns pontos aqui, umas vírgulas ali...

2006-10-18

A Menina do arroz-doce!


Éramos meninas de 9 anos de idade.
Almoçávamos na escola. (Escola Primária da Avenida em Santiago do Cacém.)
A minha mãe mandava-me o almoço por volta do meio- dia; ela, porque morava longe, levava o "farnel" de casa logo de manhã. E no farnel dela havia muitas vezes arroz- doce. Eu ficava maravilhada com aquele almoço. Achava-o tão bonito e provavelmente tão apetitoso que, durante toda a minha vida nunca esqueci a Menina do arroz- doce. Não lembrava, confesso, o rosto dela mas nunca esqueci o seu arroz.

De há uns tempos para cá, passei a cruzar-me com uma senhora que me cumprimentava sempre com muita simpatia: - Estás boa, Carolina?
Apesar de não a conhecer eu retribuia-lhe o cumprimento (intrigada) :- Como sabe ela o meu nome?
Um dia, ela parou e perguntou- me se não me lembrava dela. Dizia que tínhamos andado na escola juntas e que tínhamos sido muito amigas. Brincava comigo, ajudava- me nas minhas dificuldades motoras e quando a escola acabava ela passava as tardes em minha casa.
Eu não me lembrava de nada, com grande mágoa dela (e minha, ao ver a sua decepção).
Passámos então a encontrar- nos com frequência para falarmos do nosso presente e desse passado remoto para mim envolto em brumas...

De repente, há dois ou três dias, uma luz começou a brilhar na minha mente... seria ela a menina do arroz- doce?
Assim que tive oportunidade perguntei- lhe se ela costumava almoçar na escola e se no seu farnel havia de vez em quando arroz- doce.
- Claro! Então não te lembras? Tu davas- me da tua comida e eu dava- te do meu arroz!!!

Chama- se Ana Esperança e somos Amigas, não há que duvidar!
Foi sempre uma presença constante nas minhas memórias. Uma recordação "sem rosto" mas com alma e com SABOR!...
Chama- se Ana, uma mulher bonita e doce.
Tão doce como o arroz da nossa meninice!

( Pois é Amiga Ana, memória de criança pode ser curta, mas é muuuuuuito gulosa...)