2007-09-28

O Gato!

Era uma vez um gato preto
com olhos tão verdes que quando passeava pelo bosque
dir-se-ia que era uma sombra
em que se tinham aberto dois buracos
para se poder ver a verdura do
VERDE.
( Do livro "463 Tisanas" de Ana Hatherly. Obrigada Teresinha)

2007-09-26

Aniversários!...

Entrei com "ele" na cozinha. Era redondo, pequenino, bojudo, azulado e decorado com motivos marinhos: tubarões, peixinhos, estrelas do mar e algas!Vinha pousado numa chávena e num pires. Parecia uma galinha no ninho chocando os ovos. Até tinha um bico e uma asa.
ERA UM BULE!
Olhou desconfiado para um púcaro (com pouca graça e meio encardido) que fervia ao lume.
- Quem és? - perguntou o bule.
- Ora, não vês? Sou um púcaro e todos os dias apanho um escaldão com o chá!...
- Cháááá!?... E isso o que é? - continuou, intrigado, o bule.
- Ignoraaaante!... E escondendo-se entre fumarolas e odores o púcaro ficou borbulhando indecifráveis sons.
Alguém apagou o lume e ao fim de alguns minutos a Carolina despejou o chá no pequeno bule. Este, primeiro ainda abriu o bico para gritar de aflição, mas depois achou que aquilo era uma delícia e calou-se.
A chávena (pespenega) gritava:
-Quero cháááá! Quero Chááá!...
Eram 22h e 30 m.
A Carolina, o Zé, a Madalena e a Telma sentaram-se na sala a beber chá acompanhado de bolinhos.Nas jarras e vasos muitas flores abanavam as folhas e as corolas, sorrindo.
Sobre a mesa um pequeno livro chamado "463 Tisanas", começou a folhear-se (sem que ninguém lhe mexesse) como se batesse palmas.Todos ficámos admirados com tal fenómeno e até o Bule abriu o bico de espanto!
.......
A TODOS, TODOS OS AMIGOS EU AGRADEÇO, AS FLORES, OS BOLINHOS, O BULE, O LIVRO, OS TELEFONEMAS, OS ABRAÇOS, AS CANÇÕES, AS MENSAGENS, E PRINCIPALMENTE A AMIZADE!
...

E... SE TEMOS ASAS, VOEMOS!!!...
.......
(Inspiração soprada do bico do bule que a Lena Tereno me ofereceu)

2007-09-21

A menina dança???



Bora lá minhas Meninas
Venham comigo dançar
Sou magrinho mas jeitoso
Não precisam se assustar!
...
Tenho os olhinhos vermelhos
A sobrancelha amarela
Se vier dançar comigo
Ofereço-lhe uma costela
....
Prefere uma falangeta
Ou talvez a clavícula
Não tenha medo de mim
Vá lá, não seja ridícula
.....
Eu tenho mais energia
Que muito moço gordinho
Dou-lhe um polegar e o nariz
Três vértebras e um joelhinho!
......
(Carolina, com a chegada do Outono... pirou de vez...)






2007-09-20

O melro


O melro, eu conheci-o:
Era negro, vibrante, luzidio,
Madrugador, jovial;
Logo de manhã cedo
Começava a soltar, dentre o arvoredo,
Verdadeiras risadas de cristal.
E assim que o padre-cura abria a porta
Que dá para o passal,
Repicando umas finas ironias,
O melro; dentre a horta,
Dizia-lhe: "Bons dias!"
E o velho padre-cura não gostava daquelas cortesias.
(...)
(Guerra Junqueiro)

2007-09-14

Idília!

Chama-se Idília e deve ter mais de 70 anos.
Vive no Lar da Misericórdia em Sines. Aqui, toma as refeições e dorme.
O resto do dia passeia-se por aí.
Hoje lá estava ela na praia, como é seu costume no Verão.
Põe os seus "pertences" numa rocha e em fato de banho, vai recolhendo conchinhas que mete num saco e lixos que leva para o contentor.
Hoje, tinha espalhado na tal rocha, uma quantidade razoável de pinhões, que tinha recolhido no pinhal. Disse-me que os trouxera para os lavar na água do mar e estavam agora a secar ao sol. Assim levá-los-ia já limpos.
Depois descascou um pero, comeu metade e com a outra metade na palma da mão,dirigiu-se a um senhor que também vive no Lar e que estava sentado noutra rocha. Ofereceu-lhe a metado do pero. Ele aceitou e ela voltou "à sua rocha". Arrumou os seus pertences, vestiu-se e lá foi...Eram quase horas do almoço.
Pés na água, espalhando gaivotas pelo ar, à sua passagem.
...
No seu barquito vermelho vinha chegando o Ti Artur com o seu "baldinho" cheio de peixe.

2007-09-13

Estreia hoje!


Teatro MARIA MATOS (Estreia hoje)

Sala Principal
13 de Setembro a 21 de Outubro
4ª a sáb. às 21H30 dom. às 17H00M/12.

Espectáculo comemorativo dos 50 anos de Carreira de João Mota e dos 35 anos da Comuna.
Tradução Sophia de Mello Breyner Andresen.
Adaptação e dramaturgia João Maria André.
Encenação João Mota.
Cenografia José Manuel Castanheira.
Figurinos Carlos Paulo.
Música José Pedro Caiado.
Interpretação: Albano Jerónimo, Alexandre Lopes, Ana Lúcia Palminha, Carlos Paulo, Diogo Infante, Frédéric Pires, Gonçalo Ruivo, Hugo Franco, João Ricardo, João Tempera, José Pedro Caiado, Jorge Andrade, Miguel Sermão, Natália Luíza e Raúl Oliveira.
Execução musical: Hugo Franco e José Pedro Caiado. Desenho de luz João Mota e Zé Rui.
Co-produção Comuna Teatro de Pesquisa e Teatro Maria Matos.

Texto desta postagem, gentilmente autorizado por: http://www.formiguinhadaterra.blogspot.com/




2007-09-09

A quem de direito!...



Ex.mos Senhores, eu sei que Vossas Ex.as receberão muitas reclamações e certamente também muitas aclamações.
É assim em Democracia. Não terão como se diz "mãos a medir".

Eu vou dar "uma no cravo, outra na ferradura":


  • Foram feitos, para pessoas com deficiência, bons acessos à praia de Sines. Um aspecto muito positivo!
  • Mas, por favor reparem como na Estrada da Afeiteira e na Zona Zil o lixo se acumula nas ruas e se espalha nas bermas. Um aspecto muito negativo!

Sempre que há mensalmente o mercado, o vento espalha milhares de sacos de plástico por todos os lugares circundantes.

Não seria possível exigir aos feirantes, que eles próprios, ao vender a mercadoria guardassem em sacos ou caixotes as embalagens vazias em vez de as deixar "ao sabor do vento"?

Penso que ISSO até facilitaria o trabalho dos funcionários da Câmara, encarregados da limpeza e daria à nossa bela cidade um ar menos sujo.

Com os meus cumprimentos

Carolina Palminha

2007-09-04

A Ritinha escreveu-me (?)

Não! Eu penso que aquela "carta" que este mês (surpreendentemente) recebi, era mais uma carta para ela própria. Mas foi com muita emoção que a recebi.Um texto lindo que me encantou e (inquietou) um pouco. Falaremos disso, eu e ela, se ela quiser.
Deixo-vos apenas um pequenino excerto dessa carta.
"Era uma vez uma menina chamada Rita, que gostava muito de... e depois encontrou uma porta...De que é que a Rita gostava?
Quando era menina, como todas as crianças, quis ser muitas coisas diferentes.
Cantora de ópera, cientista, bailarina. Estas são as que me lembro. Mas também me lembro de gostar muito de ler histórias de encantar, com duendes, castelos, animais, princesas... e de desenhar! Era maravilhoso.
A minha professora chamou-me num poema "pássaro-menina". Dizia que eu tinha muita imaginação e que estava sempre "na lua". Eu acho que a lua era a minha sala de chá..."
....
(A postagem que se segue já estava no meu blogue desde Fevereiro, reponho-a na data de hoje porque me parece vir muito a propósito. OBRIGADA POR ME PERMITIRES DE ALGUM MODO ENTRAR NA TUA SALA DE CHÁ!)

Esta foi uma nova "ninhada". Dela faziam parte todos estes alunos e de alguns deles tenciono falar-vos em detalhe.
Começo por falar da Rita, a mais pequenina da turma. Tão novinha que no 1º ano por vezes dormia a sua soneca. E era ver o cuidado dos colegas avisando: - Professora temos que falar baixinho, a Ritinha adormeceu. E ali ficávamos nós aveludando a voz até que a Rita acordasse. Sonhava certamente que era a Mary Poppins voando pelos céus pendurada no chapéu-de-chuva. (Era isso que ela nos contava).
Para a Rita fiz na despedida este poeminha.


RITA E A LUA

Alguém viu a Rita
ou sabe onde está?

- Espere aí professora
estou aqui, vou já!

E desce da Lua,
voo de cotovia.
Os olhos são sóis
que aquecem o dia.

Os braços são asas
de pássaro-menina.
Na voz a frescura
de água cristalina!

Que bom que foi tê-la
ali mesmo ao lado,
pondo nos meus dias
um tom perfumado.
(Rita, sempre na lua como ela própria dizia. (AFINAL HOJE SEI QUE A LUA ERA A SUA SALA DE CHÁ)
Rita, na foto, na fila do meio, a 2ª do lado direito, vestida de cor-de-rosa)