2006-10-29

A propósito...


Veja o meu anterior "escrito" a propósito do lançamento do último livro de António Lobo Antunes.

Sinopse
Uma noite ninguém dorme, e durante a meia- noite e as cinco da manhã, as pessoas sonham acordadas no sono: contam e inventam as suas vidas e as suas histórias, ou as histórias em que se transformaram as suas vidas, ou as vidas que transformaram em histórias.
( Transcrito do blog: acrisalves)

2006-10-27

Gosto dele!


No livro "Conversas com António Lobo Antunes", ao ser entrevistado pela autora, o pai do escritor confessa:
A vida é curta para ler o António. Eu já não tenho paciência. É complicado de ler. A mãe lê-os todos.

Eu já li alguns livros do António Lobo Antunes. Na verdade, o fluxo de ideias que o assaltam e que ele nos quer transmitir é de tal ordem que quase parece uma avalanche. Eu fico cansada de tentar desenlear aquela meada.
Eu sei...eu sei, que é a sua maneira de escrever, sei que é esta "maneira" que o torna tão original e apreciado em tantas partes do mundo.
Digo, já li alguns livros e vou continuar a ler outros porque o António Lobo Antunes é uma pessoa de quem gosto.
Conheço-o apenas das entrevistas lidas nos jornais ou vistas na televisão.
Fico sempre surpreendida e seduzida, por aquele seu jeito "sem jeito" de responder ao entrevistador.
Confessa-se uma pessoa cheia de pudor (em revelar sentimentos) e no entanto desnuda-se dizendo: Tenho saudades do meu avô paterno porque foi a única pessoa que se despedia de mim à noite com um beijo e me aconchegava a roupa.
Ou: Fiz dieta há pouco tempo para ficar mais bonito e voltar a sentir os olhos das mulheres a seguir- me.

Gosto do seu ar meio ausente ( sempre noutro mundo, o seu mundo), dando sempre respostas muito inteligentes e reveladoras de uma enorme sensibilidade.
Olha, António, tens aqui uma admiradora que te quer bem, mais pela pessoa que pareces ser, do que por aquilo que escreves, apesar de não duvidar que os teus livros sejam grandes obras.
Mas, como diria o teu pai : Falta-me a paciência para os ler. Por vezes deixo-os a meio, confesso.
É que não sendo eu a tua mãe, não sinto essa "amorosa obrigação" de os ler de fio a pavio. E depois, já há tanta gente a lê-los por esse mundo fora que não há que ter remorsos.
Não estarás tão "elegante" como a tal dieta te deveria ter deixado, mas és uma pessoa encantadora!
Que mais não seja, só por isso,talvez compre o teu último livro!
E, cuidado... se te descuidas, um dia destes, ainda te dão o Nobel!
Eu gostava!
( Na imagem o livro de Maria Luisa Blanco "CONVERSAS COM ANTÓNIO LOBO ANTUNES")

2006-10-26

E pronto!



Recatadamente e sem alaridos voltemos às "costumeiras" e sóbrias ceias!
Torradinha e copinho de leite!
Para vocês um bom serão e uma noite bem dormida!

(E deixa-me lá agarrar nas torradas antes que se "raspem". Estão com um ritmo diabólico!)

2006-10-25

Gestos saborosos...




Yupi!!!!
Sabem o que foi o meu jantar, hoje????
Um delicioso, um cremoso, um fofíssimo, um morníssimo, um.... um... faltam-me os adjectivos para qualificar aquele ARROZ - DOCE que a Teresinha me ofereceu.
Hum...e que cheirinho a canela!!!
Obrigada! Estava uma maravilha!

(Cresceu-vos água na boca? Invejosos...)

2006-10-23

Desabafos de Gato Vadio!


Fica um gato "escalfado" de "gatear" toda a noite de um lado para o outro, sem saber onde se meter com tanta chuva.
Os telhados ficam escorregadios.
As ruas ficam uns charcos.
Os ratos não saem dos buracos.
As gatas metem-se debaixo das saias das donas"salvo seja", no aconchego dos sofás ( que o tempo ainda não é de lareiras).
E eu deslizo de goteira em goteira encharcado que nem um pinto!
Um verdadeiro Gato-Pingado!( Mais precisamente, Pintogado!)
Hoje passei o dia "esparramado" neste muro, estendido que nem um cação a ver se enxugo o pêlo. Olho aberto, olho fechado, à beira dum ataque de nervos.
Na próxima "reengatação", se tiver que ser gato, pois que seja o Gato das Botas!
Ou, talvez o Gato Malhado (da) Andorinha Sinhá, mas aí... irei morrer de amores e isso também não me convém.

E porque não Um Gato no Escuro, como o gato do Mia Couto?
Uma coisa eu espero. É nunca vir a ser aquele do "aaaatirei o pau ao ga...to...to", porque aí então, tenham a santa paciência, dou uma paulada na D.Chica e acaba-se logo com a cantilena.
Vida de gato vadio não é fácil!!!

Ai... Ai... (quer dizer) Miau...Miau!...



2006-10-19

Desabafos de um Caderno Diário!


( A pedido da minha afilhada Carolina Jerónimo Santos, que tem dez anos, transcrevo um texto da sua autoria)

O CADERNO DE LÍNGUA PORTUGUESA A FALAR

É pá, calem-se lápis e borrachinhas. Eu quero contar uma história sobre todos os cadernos. Calem-se, calem-se, calem-se!!!
Eu sou um caderno de escola e a minha dona é maluca, põe-me na mochila "à balda".
O meu colega estrangeiro, o que fala inglês, já está todo esborrachado e ainda só tem um mês de uso. A minha dona já perdeu um outro meu colega. Esse chamava-se "Estudo Não Acompanhado", que tem a mania de pôr a palvra NÃO em todas as frases. Amigo, tens que tratar dos erros!...
Eu tenho tudo em ordem; os sumários, a letra, os apontamentos...
Às vezes sinto comichão, abro-me todo e vejo as letras a jogar à apanhada e outras com malas.
Olho para a minha frente e vejo-as a construírem uma casa noutro caderno. Parece que se querem mudar.
Não querem que eu conte a história toda?
Está bem, conto só metade.
Bem, continuando; o meu amigo Dossier coitado já deve estar todo marreco porque ficou no meio dos livros dentro de uma mochila que pesa uma tonelada.
Agora vamos falar dos livros.
Os livros de História são muito "lembriscos" só querem escrever coisas difíceis e a minha dona não se dá com aquilo.Os livros de Matemática só querem fazer filhos. À minha dona já dói as costas de carregar tantos filhos (livros); tem de andar carregada. É uma desgraça!
O livro de EVT não deve servir para nada, só chateia de tanto dizer para toda a gente olhar os seus desenhos.
Os livros de Música já me "enjoam" de tanto ouvir instrumentos a tocar: violinos, flautas, etc.
E é tudo!
Todos os cadernos e livros têm defeitos!

(E acrescento eu - a madrinha)- : Se calhar os livros e os cadernos são como as pessoas. Têm defeitos, mas também têm QUALIDADES, e devem, por isso, ser estimados e bem tratados. Não te esqueças disso minha linda Afilhada!)

E aqui ficou o texto da Carol, feito com muita imaginação. Eu trancrevi-o na íntegra, limitando-me a acrescentar uns pontos aqui, umas vírgulas ali...

2006-10-18

A Menina do arroz-doce!


Éramos meninas de 9 anos de idade.
Almoçávamos na escola. (Escola Primária da Avenida em Santiago do Cacém.)
A minha mãe mandava-me o almoço por volta do meio- dia; ela, porque morava longe, levava o "farnel" de casa logo de manhã. E no farnel dela havia muitas vezes arroz- doce. Eu ficava maravilhada com aquele almoço. Achava-o tão bonito e provavelmente tão apetitoso que, durante toda a minha vida nunca esqueci a Menina do arroz- doce. Não lembrava, confesso, o rosto dela mas nunca esqueci o seu arroz.

De há uns tempos para cá, passei a cruzar-me com uma senhora que me cumprimentava sempre com muita simpatia: - Estás boa, Carolina?
Apesar de não a conhecer eu retribuia-lhe o cumprimento (intrigada) :- Como sabe ela o meu nome?
Um dia, ela parou e perguntou- me se não me lembrava dela. Dizia que tínhamos andado na escola juntas e que tínhamos sido muito amigas. Brincava comigo, ajudava- me nas minhas dificuldades motoras e quando a escola acabava ela passava as tardes em minha casa.
Eu não me lembrava de nada, com grande mágoa dela (e minha, ao ver a sua decepção).
Passámos então a encontrar- nos com frequência para falarmos do nosso presente e desse passado remoto para mim envolto em brumas...

De repente, há dois ou três dias, uma luz começou a brilhar na minha mente... seria ela a menina do arroz- doce?
Assim que tive oportunidade perguntei- lhe se ela costumava almoçar na escola e se no seu farnel havia de vez em quando arroz- doce.
- Claro! Então não te lembras? Tu davas- me da tua comida e eu dava- te do meu arroz!!!

Chama- se Ana Esperança e somos Amigas, não há que duvidar!
Foi sempre uma presença constante nas minhas memórias. Uma recordação "sem rosto" mas com alma e com SABOR!...
Chama- se Ana, uma mulher bonita e doce.
Tão doce como o arroz da nossa meninice!

( Pois é Amiga Ana, memória de criança pode ser curta, mas é muuuuuuito gulosa...)



2006-10-17

Anonymous...


Um gato quando é um "GATO"
(antigamente e agora)
mesmo que ande escondido
tem sempre o "rabo de fora"!!!

2006-10-16

Relembro que...


O CANTO DAS LETRAS vai recomeçar as suas actividades com a projecção de um filme na Biblioteca Municipal de Santo André, amanhã, dia 17 de Outubro pelas 18 h.
"O Senhor Ibrahim e as flores do Corão"; uma história de amizade entre o Sr. Ibrahim, um velho comerciante mulçulmano e Momo um adolescente judeu, pobre e solitário.
Uma relação de amizade que derruba barreiras religiosas, etárias e culturais!
Apareça!
Momo e o Sr. Ibrahim (protagonizado por Omar Sharif) esperam por si.
Nós, também!
(Para mais informações sobre o CANTO DAS LETRAS consulte : www.asas.chrome.pt )


2006-10-14

Sonho de Pato...


Atenção caçadores!
Os Patos também sonham...
E sonham que um dia os "caçados" serão os Homens!
E não haverá voo que os salve.
A pontaria dos Patos será precisa e implacável!
Eu, cá por mim, não quereria ser caçador.
Nem Pato!!!

2006-10-12

Abracadabra!!!!...


Carro empanado!
Não me resta alternativa.
Amanhã deslocar-me-ei na vassoura!



Vassourinha vassourinha
Sem guiador nem travão
Vai levar a Carolina
P'ro passeio no calçadão!


2006-10-11

do corpo sentido



Canto Mosqueiro (do Norte)
Perguntas-me porque vou a caminho mais
do sul.
um pouco além do Canto Mosqueiro.
um promontório de Sines

e esbates o desejo quando alongas a mão na
palavra
que não sai mas que significa
posso ir?


Ir de anseio, de olhar ermo e eterno, como o
fim.
ir de mágoa, de abismo e alguma morte
desajeitada
de inocência.

Ir de não resposta, de quietude e não
memória
apenas porque o vento envelheceu o seu
canto
nas rochas amargas e negras do promontório

da Praia do Norte.

(.....)
(De Rogério Carrola- o corpo sentido)


2006-10-10

Maresias...


Na pacatez
da madrugada
na brisa leve
que vem do mar

Na renda branca
que a onda tece

No areal deserto

(na noite
nas estrelas
no luar)

Estás sempre tu
Tão perto

2006-10-09

Erva Vermelha!




No dia 13 de Outubro, O Teatro da Trindade vai estrear "Erva Vermelha", uma adaptação teatral da obra de Boris Vian.
«É a estória de um homem que é engenheiro, tem um cão e constrói uma máquina do tempo para perceber onde começara o tédio em que vive.»
Encenação de Cristina Carvalhal.
No elenco entre outros, estará a minha sobrinha Ana Lúcia Palminha.
Lá estarei!

2006-10-07

Praia do sul...



A dentadas de sal e de espuma
o mar apaga-me os últimos passos...

A maré desata agora
o seu cinto, no ocaso.

E um bando de aves cruza o céu
como uma nuvem de flechas...

(Crepusculário- Pablo Neruda)

2006-10-05

Numa noite de luar...


"Uma vela, duas velas,
Vai navegando à bolina,
Uma bela Caravela
Para a nossa Carolina! "

Uma ternurenta quadra de autor(a) desconhecido (a)... É bonita e eu gostei dela!




2006-10-04

N'A das Artes ( em Sines), claro!


O que se ouve aqui, à beira deste mar
onde me encerro,
é o grito puro e cheio da voz dos deuses
como se de repente eu e o mar
pertencêssemos
a um grande e vazio desterro
(.......)

Sábado 7 de Outubro, 18 h, lançamento do novo livro de Rogério Carrola "do corpo sentido" .

Eu vou estar lá!
E você?...

2006-10-01

Sophia de Mello B. Andresen!


Passagem

O êxtase do ar e a palavra do vento
Povoaram de ti meu pensamento.