2005-03-29

A Menina do Nenúfar

Pedaços dispersos do livro: "Os Olhos do Homem Que Chorava no Rio"
"Não há médico ou curandeiro no mundo que saiba qual a enfermidade de que padece a rapariga do nenúfar branco, ou qual o remédio que possa atalhá- la. Quem assim nasceu, filha dum raio de Sol, de uma rebentação da Primavera, há- de vir já aparelhada de todos os males e de todas as curas."
"A menina não desiste, pois."
"Mas há um vulto que a segue desde há uns dias........."
"Por ora se pode dizer que este vulto é masculino, que usa as golas da gabardina velha erguidas sobre a cara e que do seu rosto não se destacam mais, na sombra da noite, que os dois olhos grandes e oblíquos, raiados de sangue e insónia, raiados de ler e ler e ler e ler outra vez, dias e noites a fio."
"Mais do que segui- la, o homem parece guardar os seus voos pela margem, as deambulações de borboleta nocturna, proteger- lhe o sono vegetal, sentando- se na borda do lago estagnado que há no jardim sombrio e aí ficando até que a menina enfim desperte do seu sono de seda. Não faz mais nada: senta- se e espera."

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