2005-03-12

O jardim

10 de Março de 2005, quinta-feira, 18h 22m

Atravesso a minúscula ponte vermelha e um aceno de gotas preguiçosas detém os meus passos e prende o meu olhar na serenidade do lago verde pálido, painel onde desenham incessantes círculos mágicos com um compasso simétrico que os vai multiplicando e aumentando, continuamente ...
As árvores vêem-se ao espelho, reflectindo as suas formas, cores, beleza única, intacta, até à outra ponte...
Viajo na minha imaginação até ao jardim de sonho da minha amiga, com palmeiras, fetos, entre outros, com duas flores desiguais, que estendem as pétalas pedindo abraços, que as abrem e fecham com gestos e sorrisos de criança, que deixam escorrer uma lágrima de tristeza e medo...
E lá está o alegre e ágil arbustozinho a sacudir as folhas de beijos e traquinices próprias da sua idade...
A terra está seca, o feto desabado, a palmeira sisuda, de pernadas caídas, estremece e esconde-se em máscaras feias...
A tartaruga chamou o jardineiro, as borboletas e todos os amigos do reino da paz e começaram a regar a terra endurecida na esperança que o jardim volte a florir...
O canto dos pássaros chama-me e pergunto-lhes por que não prestam atenção ao deslizar da chuva no lago, por que não se abrigam, mas eles festejam o encontro da água com a terra, limpam as penas, porque sabem que a chuva faz falta à vida, quando não está enfurecida e causa desgastes irreparáveis...

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas que inspirada!!!......