2005-03-17

À porta do 28...

Todas as manhãs eles alegram a avenida, tendo por cenário, atrás de si, a porta castanha aberta...
Estão a uns passos um do outro, mas ele encontra-se um pouco mais à frente, lembrando o protocolo real, sempre "bem posto", de boné de feltro preto e vestido de escuro; ela distingue-se pela cabeleira alva esticada para a nuca, mas um pouco elevada, muito penteada, sem que o vento agite um só fio prateado, de pés firmes, escondidos numas pequenas pantufas cor de mel; protege a sua melhor roupa com uma espécie de bibe às riscas azuis e brancas; às vezes cobre as costas com um pequeno xaile...
Olham para quem passa e correspondem ao meu cumprimento matinal com um melodioso e sereno: "Bom dia, vizinha!". Ela esboça um sorriso discreto, que alinda as maças rosadas do seu rosto e eleva um pouco os seus óculos e ele exterioriza a subtileza de homem...
Não sei pelo ou por quem esperam, mas caminham em silêncio e vivem!...
Faltam aqui a sonoridade, o movimento e a cor das palavras do Cesário para reproduzir este quadro da galeria da vida, do qual vos ofereço um modesto esboço...

Sem comentários: