2005-04-11

O Alberto (2)----mais uma vez

O Alberto traz- me à lembrança o Renato.
O Renato foi meu aluno em Alvalade do Sado e durante os 4 anos de escolaridade foi prometendo:
- Professora, a minha mãe tem lá uma galinha para lhe oferecer!...
(Nunca vi tal galinha, nem mais gorda nem mais magra.)

O Alberto há meses que tem para me dar um saco de bóias,(pequenas peças de plástico que se prendem às redes, para que estas flutuem).
Todos os dias de manhã me diz:
-À tarde trago- te as bóias, vens cá? (Assim mesmo, porque eu e o Alberto somos,tu cá, tu lá...)
Mas, tal como a galinha, também as bóias não chegarei a ver...

Hoje, como de costume, lá estava ele e eu perguntei:
- Então, não trouxeste as canas de pesca?

- Não- respondeu ele- vim pôr os pés de molho!...
E já vocês o estão a imaginar passeando à beira- mar refrescando os pés.
Pois enganam- se!
Encheu de água um plástico amarelo, em forma de campânula (desses lixos que a maré atira para a praia) e ali ficou sentado numa rocha com os pés de molho, olhando os pescadores.
Depois, pousou- os ( os pés), numa tábua para que secassem ao sol.
E ao meio- dia lá foi... bem calçado e desareado, praia fora, em busca do almoço!

E eu, que não pus os pés de molho, vim almoçar e escrever isto...


2 comentários:

Anónimo disse...

Se eu fosse o Alberto, não trazia bóias nenhumas, porque quem não aceita uns peixitos acabados de amanhar, com o nome de um dimunitivo do calão - a forma feminina, na Beira, é sinónimo de malagueta -, não merece!

Anónimo disse...

Que bela a Vida a do Alberto... é bom aprender a disfrutá-la... Assim como também deve ser maravilhoso, aprender a compreende-la... mesmo sem bóias...