São pétalas do dia que desponta com pássaros adormecidos, percebendo-se, apenas, o piar de algum mais irrequieto e madrugador, saudações de galos distantes, compassadas, a que se sobrepõe a voz rouca do mar, ondulada no ar por uma brisa a que os cortinados fazem vénias coceguentas, indiferentes às nuvens cinzentas que escondem o tecto azul...
E ecoa a voz do poeta...
CONTIGO
Acordo na manhã de oiro
entre o teu rosto e o mar.
As mãos afagam a luz,
prolongam o dia breve.
Entre o teu rosto e o mar
ninguém deseja ser neve.
Ninguém deseja o veneno
da noite despovoada.
Acorda-me a tua voz,
nupcial, branca, delgada.
Eugénio de Andrade
2005-06-20
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