2005-06-19

Santiago em Festa

Os Santos Populares merecem destaque na rua das Lojas alegremente engalanada, de tectos suspensos, artísticos na configuração e tons, ondulantes, alternados com filas de bandeirinhas de todas as cores, leves, dançantes, de assobios discretos, numa tarde quente.

As portas e as janelas adornadas com molduras verdejantes e floridas sorriem alegremente; as pernadas de palmeira, um pouco secas, mas hirtas, encostadas às paredes das casas, ostentando enormes flores de papel, parecem abrir alas; uma varanda completamente atapetada de tons farfalhudos como um vestido de baile de outros tempos, sobressai; sobre o toldo do talho, uma porca enorme, de pé, vestida a rigor, de blusa branca com bolas vermelhas e saia deste tom, salpicada de pompons brancos, ergue um arco com dois balões, donde pendem dois vasos de manjerico, que combinam com os demais, espalhados pela rua.

Um mastro com arcos vermelhos e azuis, quatro bandeias e biscoitos tentadores abanando-se,
está encostado ao passeio para facilitar o trânsito.

Na parede do n.º 9, a poesia está na rua, manuscrita cuidadosamente numa folha de papel:

Ao subir a calçada
Alegra-me a minha terra
Sinto a rua perfumada
Com rosas à minha espera.

Oh lindas costureirinhas
De olhos alegres, leais
Alegres como andorinhas
Entre alinhavos e linhas
E agulhas e dedais.

As costureirinhas da rua
Cantando alegremente
Fazem flores para a festa
Para agradar toda a gente.

No lado oposto da rua, no n.º 10, um outra quadra:

Esta casa que se empenha
Em deixar tudo contente
Há 15 anos a "desenhar"
Os sonhos de muita gente.

Lembrei-me de Manuel da Fonseca e dos relatos sobre a vida na sua terra.

A Câmara não se esqueceu de um Aviso acerca do condicionamento do trânsito em determinados dias e vias.

Parabéns, Santiago!


Fui até ao fim da rua. A festa acabava ali; à minha direita o n.º 50, identificava uma advogada, e os vidros do 52 e 54 escondiam com jornais um passado de botica de que me recordo, por isso, contornei o edifício e fiquei parada a olhar para o n.º 2, reencontrando um rosto de faces rosadas brilhando numa pele branca, uns olhos cintilantes, um sorriso traquina do progenitor de alguém muito especial e amigo do meu pai,... na porta seguinte, havia uma escada, lembro-me bem, mas não quis subi-la... e voltei para trás...

No final da rua, encontrei um discreto canteiro de várias papoilas de papel, malmequeres gigantes, espigas verdes e duas borboletas...

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