2005-07-11

Papel Mata-Borrão - 17.º pingo de tinta

A Maria andava muito atarefada com o serviço e não sabia para onde se virar: o telefone tocava, batiam à porta avisando-a de que tinha outra chamada do exterior, entrava um e outro no gabinete pedindo informações, tinha um mapa inadiável para completar, o sistema informático não funcionava...

Não se demotivou a formiguinha e lá foi tocando os seus instrumentos conforme podia, de olhos postos no tal mapa...

Pareceu-lhe ouvir o silêncio, ligou para um gabinete mudo; chegou a equipa de limpeza apressada a encerrar as janelas, excepto as suas, ignorando a claridade e o fresco do entardecer; percorreu o espaço à procura de uns dados e ouviu as ventoinhas soprando leve brisa iluminada pelas luzes acesas...

Sentia fome, mas não lhe apetecia rebuçados, nem bolachas de água e sal esquecidas no fundo da lata. Lembrou-se do bolo de aniversário que não provara de manhã, dirigiu-se ao refeitório e provou o restaurador pão-de-ló com recheio de ananás...

Saiu depois das oito e meia fazendo contas às horas que o patrão fantasma não lhe pagaria, sentiu uma carícia da brisa, deu uns passos e lembrou-se que tinha o carro no estacionamento. Foi deixá-lo numa garagem distante do domicílio e recebeu o prémio do dia: um delicioso passeio a pé até casa...

1 comentário:

Carolina disse...

Pois podia ter-me chamado que a noite estava mesmo a pedir uma voltinha no calçadão com um cheirinho a tasquinha lá ao longe...