2005-07-18

Papel Mata-Borrão - 18.º Pingo de Tinta

Bebo o silêncio matinal à janela com os pássaros adormecidos, entre goles de chá, casas às escuras, carícias frescos da brisa, saudações de uma estrela respirando luz crescente que guia e beija o mar e a terra sob um céu de bochechas cinzentas, e projecto um bom dia que só a vida alcança.

Recordo este canto de Cecília Meireles: (...)" O silêncio da manhã é um longo muro, ainda, entre este mundo e o céu.(...)"


E, da voz do Geninho...

AO OUVIDO

Fica um pouco mais, fala
da terra iluminada
abrindo à última chama

do verão; tu conheces
a sua sede, a sua respiração.
Um pouco mais, sê

como sopro da tarde, acaricia
com mão pequena embora
o que no fundo da noite
resta da manhã; fala da leve
embarcação do vento, levando
consigo a poeira, o sarro

do tempo entornado no chão.
A terra é boa; ao meu ouvido
volta a dizê-lo.

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