Bebo o silêncio matinal à janela com os pássaros adormecidos, entre goles de chá, casas às escuras, carícias frescos da brisa, saudações de uma estrela respirando luz crescente que guia e beija o mar e a terra sob um céu de bochechas cinzentas, e projecto um bom dia que só a vida alcança.
Recordo este canto de Cecília Meireles: (...)" O silêncio da manhã é um longo muro, ainda, entre este mundo e o céu.(...)"
E, da voz do Geninho...
AO OUVIDO
Fica um pouco mais, fala
da terra iluminada
abrindo à última chama
do verão; tu conheces
a sua sede, a sua respiração.
Um pouco mais, sê
como sopro da tarde, acaricia
com mão pequena embora
o que no fundo da noite
resta da manhã; fala da leve
embarcação do vento, levando
consigo a poeira, o sarro
do tempo entornado no chão.
A terra é boa; ao meu ouvido
volta a dizê-lo.
2005-07-18
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