2005-10-16

Mistérios da noite

Duas horas da madrugada.
Acordei sobressaltada com o ruído de um veículo que passava na rua.
Depois, gritos. Gritos aflitivos.
Acidente? Choque entre carros? Alguém teria sido atropelado e abandonado na estrada?
Enquanto vestia o robe para ir à janela, os gritos continuavam e pensei que talvez fosse caso para telefonar para os bombeiros. (Não o fiz sem primeiro ir ver o que se passava.)
Abri a janela; dois guardas passavam na rua e um deles atendia um telemóvel.
Os gritos tinham parado.
Inesperadamente uma voz límpida começou a cantar.
Não sei de que lado vinha.
Não sei se era homem ou mulher.
Mas, era um belo e impressionante canto cigano ou, talvez árabe!...
Ouviu- se durante dois ou três minutos.
Depois o silêncio.
(Foi tudo tão estranho, que eu só tenho a certeza de que não sonhei, porque o robe ficou aqui na sala fora do seu lugar habitual.)
Mistérios da noite...
A lua, se falasse, ter-me- ia esclarecido.
Mas, não; desenleando- se das nuvens, indiferente a gritos ou cantes, espanejava- se prazeirosamente na baía.

2 comentários:

kanuthya disse...

Sempre achei que a vida tinha mesmo estes episódios surrealistas, tanto como os encontrados em certos romances.

Carolina disse...

É daquelas coisas que se eu as não tivesse vivido nem acreditava.
Mas não há dúvida! Já perguntei a uma vizinha e ela também deu pelo "acontecimento".
E aquela voz cristalina, cantando em plena madrugada, ainda me soa no ouvido.