2006-12-28

A Tuscha! (gosto assim com 's' antes do 'c' )


Em Ermidas do Sado, o Sr. Campos tinha em casa uma porquinha.
O Sr. Campos tinha sido carteiro em Santiago e passou a chefe do Correio em Ermidas.
Eu e a minha amiga Ana Maria, acabadinhas de sair do Magistério em Évora, fomos colocadas em Alvalade do Sado. Ficámos por lá seis (alegres) anos.
Em determinada altura, meteu -se- nos na cabeça ir aprender a tocar viola, para podermos acompanhar os alunos nas cantorias.
Durante alguns meses, duas vezes por semana, lá íamos nós a caminho de Ermidas a casa do Sr. Campos que nas horas vagas era "professor de música"!
Como se de um cãozinho se tratasse, pela casa circulava uma bacorinha rosada e rechonchudinha que era o "ai Jesus" do casal Campos.
- É a Tuscha- disse-nos ele, com um olhar enlevado para o bichinho.
E nós, eu e a Ana, lá íamos fazendo os nossos dedilhados acordes (mais propriamente desacordes) na companhia da Tuscha.
A Ana ainda se ajeitava, agora eu...nada!
Até que um dia fomos DESPEDIDAS!
Era altura de férias e o nosso "mestre" disse: "Depois das férias telefono e vocês voltam!"
Nunca mais telefonou e nós nunca mais voltámos.
A Ana diz que a culpada fui eu porque nesse último dia resolvi cantar ( a plenos pulmões) a Malaguenha Salerosa, enquanto o Sr. Campos tocava a dita melodia.
- Assustaste o homem ou a bacorinha! - diz ela, ainda hoje.
Eu penso que ela está enganada, porque eu até cantei tão bem!... Parecia uma espanhola!...
Muito nos rimos depois com o acontecido e ainda hoje para espantar o mau olhado canto a tal Malaguenha.
Voltando à Bacorinha que é o tema deste texto.
Não sei se a Tuscha também dormia na cama com o casal Campos, tal como faziam os avós do José Saramago com os seus frágeis porquinhos. (Relato que faço na postagem anterior).
O que sei é que se o Sr. Campos tentou ensinar a sua porquinha a tocar viola, ela aprendeu certamente com muito mais facilidade do que eu.
Onde andará hoje o bondoso Sr. Campos, que com tanta paciência, durante meses aturou os nossos desacordes?
Cá me parece que andará no céu, ensinando os anjinhos a tocar (harpa?), enquanto a Tusha, sentadinha numa nuvem lhes vai mordiscando as asas.

6 comentários:

Jelicopedres disse...

Olá Carolina, vim dar uma espreitadela...bem ligeira.
A minha vida anda num "badanal"...
Daqui a pouco nem para dormir.
Mas eu vooollltttooo...

Anónimo disse...

Então voooooolllltttaaaaa!!!!
Andas nas comezainas, não é???
Pois, cozinhas bem e depois ficas tramada!
Bom Ano!
bjs

Anónimo disse...

Carolina, gosto de ler as tuas histórias e até parece que algumas já me são familiares.Que 2007 cuide bem das tuas sardinheiras, regadinhas e adubadas vão continuar ser um regalo para a nossa vista e para o coração.
Xi-coração

Anónimo disse...

É que eu andava sempre a falar destes meus acontecimentos. Provavelmente, quando trabalhámos juntas em Sines foste ouvindo algumas delas!
bjs

Anónimo disse...

La Malageña

Qué bonitos ojos tienes
Debajo de esas dos cejas,
Debajo de esas dos cejas
Que bonitos ojos tienes.
Ellos me quieren mirar
Pero si tú no los dejas,
Pero si tú no los dejas
Ni siquiera parpadear.
Malageña salerosa,
Besar tus labios quisiera,
A tus labios quisiera
Malageña salerosa,
Y decirte, nina hermosa;
Eres linda y hechicera,
Eres linda y hechicera
Como el candor de una rosa.
Y decir de nina hermosa
Eres linda y hechicera,
Eres linda y hechicera
Como el candor de una rosa.

É assim, não é? Olha, Amiga, acho que a porquinha gostou tanto, mas mesmo tanto, que terá dito ao sr. Campos que queria ir aprender na tua Escola. E ele, claro, antes que a perdesse, escafedeu-se!...

Anónimo disse...

Ó Gil, só tu te lembrarias desta!
E agora?
Como é que eu vou dormir e deixar dormir a vizinhança??!!
(Isto hoje vai ser "caso de polícia").
E lá vou eu: Malageña salerosa, la la la la..............etc...etc
(Ainda ponho o Pereira a tocá-la... fujam...)