2008-07-25

Estórias quase verdadeiras!...




Se não fosse aquele amável semáforo, o que seria dela?

Todos os dias, a avó se “aperaltava” por volta das 4 horas da tarde.
Calça azul escura, casaquinho com pele de coelho na gola, sapatos de salto baixo (que as pernas já não são o que eram…), pó-de-arroz na cara, rouge nas bochechinhas e um baton bem vermelhinho.
Por detrás duns óculos de aros dourados, espreitavam uns olhinhos azuis muito vivos e brilhantes. Como remate uma boina verde descaída sobre a orelha direita.
Às cinco, as amigas esperavam por ela na “Brasileira”.
Às cinco e meia, os dois netos saíam do colégio e passavam pela pastelaria para lhe dar um beijinho.
A casa da avó não ficava longe da “Brasileira”, mas o trânsito era tão intenso e os semáforos faziam-lhe muita confusão, sempre mudando de cor…A sua sorte foi o tal, o simpático, o semáforo da sua rua…Um dia, ela ia pôr o pé fora do passeio (distraída), quando ouviu um aflitivo: - “Psssst…Psssst…”!
Olhou e, era o semáforo que falava com ela:
-“Avó, não pode! Não vê que estou verde para os carros e vai ser atropelada?”
Ficou tão nervosa e atordoada que ele (o semáforo), até lhe deu uma pancadinha nas costas para a acalmar.
- Ó avó – disse ele – passe aqui o braço à minha volta e leve-me consigo!A avó ainda ia começar a dizer que ele devia ser muito pesado mas, pasmada, verificou que o semáforo era leve como uma pena. E lá foram! Agora já não é espanto para ninguém. De há uns tempos para cá, nas ruas perto da "Brasileira”, há uma senhora já idosa, que por volta das 4 horas da tarde, atravessa calmamente e em segurança ruas e avenidas.
Pudera! Leva com ela um amável semáforo de luz vermelha permanentemente acesa.
Os carros param e os condutores com um sorriso de espantosa compreensão, fazem-lhe um amigável aceno.
E pronto! A avó lancha com as amigas, recebe um beijinho dos netos e mais tarde voltará para casa.
Encostado à cadeira do Fernando Pessoa, bocejando piscadelas intermitentes de luz amarela, lá está o semáforo à sua espera.
E por força do hábito, o Poeta, na sua cabeça de estátua vai versejando:

“Vomitando amarelos
Na mesa do meu café
Não é bicho nem é homem
Que diabo é que isto é???”

(Carolina)

6 comentários:

Jelicopedres disse...

Que bom seria que, cada avó e avô, tivesse o dom de carregar debaixo do braço um semáforo que se apresentasse vermelho para os carros, enquanto calmamente eles atravessavam a avenida.
E que houvesse condutores com um sorriso de compreensão, fazendo acenos amigáveis!(?)
- Tenho uma passadeira em frente da minha janela, não é semáforo, eu sei!
É uma "Zebra"!
Daí que, eu veja condutores que pensam que, estão na selva!
(quando tiver tempo vou espreitar este blog errogravido)

Carolina disse...

Esse blog é dos alunos de uma escola de Santiago do Cacém.
Mas, tens razão a condução está uma loucura!
Corre-se risco grave, indo a pé ou conduzindo!
Ai quem me dera o tempo dos jericos!
;)))

Anónimo disse...

Olá, sou eu a Catarina Beliche, filha da Graça e do Paulo, o meu blog é http://pt.netlog.com/gatinha_de_18_anos

Carolina disse...

Olá Catarina.
Obrigada pela visita.
Vou ver se encontro o teu blog.
E se encontrares "un certo coelho" dá-lhe nas orelhas!
bjhs

Carolina disse...

Catarina, descobri o teu blog mas como sou burrinha não sei como posso fazer lá comentários.
O meu endereço é:
pcarolina33@gmail.com
bjhs

Carolina disse...

O texto foi escrito por mim na ajuda (mais do que urgente) a uma prima estudante. Peço PERDÃO à professora de português por tyer metido a "colherada".
Mas a mocinha estava tão aflita...
Só hoje 24/maio/2012, confesso o meu "crime"
;)