2005-04-25

O 25 de Abril na Voz de Sophia (1982)

"- No 25 de Abril há um momento poético extraordinário. Hoje em dia nós olhamos para trás e perguntamos e nós próprios se foi a nossa sede de uma ilusão que criou uma espécie de fantasmagoria. Mas não há dúvida de que eu me lembro de uma cidade de Lisboa sem nenhuma política, sem nenhumas violência. Lembro-me da cidade de Lisboa onde todas as pessoas que encontrávamos sorriam, lembro-me de ver passar pequenos grupos de gente nova no Rossio que pareciam pequenos bandos de bailarinos ou de gaivotas, e atravessavam de um lado ao outro da praça. Lembro-me de bandeiras que dançavam em cima da cabeça das pessoas e das expressões e dos gestos e das vozes.
E tudo isto era um tão bonito e extraordinário momento poético e como que uma ilha noutro planeta...Talvez tivesse havido um momento em que, imagino, algo para toda a gente estava para além da política e que depois a política destroçou, a política tradicional. Creio que houve um estado de graça. Mas depois o pecado do poder destruiu esse estado de graça".

Sem comentários: