2005-04-05

Papel mata borrão - 2.º pingo de tinta

Cotovelos afundados num "chouriço" macio, mãos em concha segurando o rosto quase colado à janela voltada para a praceta, contemplo três estrelas que me piscam o olho, ouço o silêncio, busco as árvores prometidas, acompanho o baloiçar de roupa despida, vislumbro uma senhora a passar a ferro numa cozinha distante...
Já não me apetece fazer mais nada, nem tenho sono - que estranho! Cogito, indiferente ao saboroso cheiro a sopa fresca e a maçã assada, e limpo o vidro embaciado...
A presença de três pessoas de quem gosto em particular, com matiz e intensidade distintas, gira à minha volta, toca o meu coração, prende o meu pensamento...
Abraço uma delas com mel, sol e chuviscos... e ela desprende-me com flores que posso partilhar com uma voz forte de poeta e com uns olhos tristes...
Regresso à janela. Não há luz para além daquela vidraça e as estrelas também foram dormir...
Quando o dia acordar, é preciso caminhar!

Menina da Ribeira

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