2005-04-24

Papel Mata-Borrão - 6.º pingo de tinta

Nasceu no dia de S. José, de quem herdou o nome, para grande alegria das suas irmãs mais velhas, que não se pouparam a esforços para lhe proporcionarem tudo o que necessitava e a sua inteligência merecia e se mantiveram presentes na sua vida e da família ao longo dos tempos...

Professor doce, simpático, calmo, inteligente, que reconhecia em tudo pretexto para ensinar, que se servia de exemplos do quotidiano para explicar e esclarecer, que não sabia, nem necessitava de erguer a voz...

Homem generoso e compreensivo, bom irmão - "um santo", dizem as manas -, bom esposo, pai dedicado, vigilante e nem sempre bem sucedido, tio insubstituível, cidadão digno e atento, que bradou pela justiça social.

Há algum tempo, teve de arrumar a cana de pesca, sua companheira de momentos fugidios até à praia, mercê de vicissitudes da vida traiçoeira, de quem a esposa já se despediu, destroçada pelo desgostos filiais que não superou...

Hoje, de lar e coração desfeitos, sem saúde, caminha vagarosa e silenciosamente...

Para ele, este poema de Carlos Drummond de Andrade que o reflecte na minha memória enternecida e grata.

OS PROFESSORES

O professor disserta
Sobre ponto difícil do programa.
Um aluno dorme,
Cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudi-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professor baixa a voz
Com medo de acordá-lo.

1 comentário:

Carolina disse...

O nosso querido Professor Zé Manel!!!"