2005-08-14

Os tais livros...

Os tais livros do tal Miguel de Castro Henriques têm por título : UMA NUVEM NUM POTE DE BARRO (deu o Duarte) e UMA MENINA DE SETE GATOS OU O SALDO DE EULER ( comprei).
O autor que "conheço de vista", é um homem alto e magro que usa bigode branco. Brancos, também são os cabelos e talvez por isso, ( mas não só por isso), eu acho que ele tem cabeça de nuvem!
E isso não é só por causa dos cabelos é toda a expressão do rosto em particular dos olhos.
Direi mais, se calhar o homem não tem cabeça de nuvem, ele próprio parece uma nuvem!
Será???
Se não é, pelo menos é lá que parece viver! (Isto é o que eu penso e cá na minha cabeça mando eu!)
Os seus escritos são duma imaginação delirante!
As suas associações absurdas põem-nos a rir, por vezes de gargalhada e outras vezes põem-nos a meditar.
Estou a achar o estilo interessante e fora do comum!
Como exemplo vou transcrever o início de alguns dos contos:
"Era uma vez uma madrasta que era muito boa e preta e uma menina que era branca e muito má."
"Era uma vez um pintor que só tinha um pêlo no pincel."
" O rapaz subiu a um banco de jardim todo coberto de folhas caídas e disse para quem o quisesse ouvir: -Esta tarde não quero ter nome!"
"O Diabo estava sem dinheiro e isso deprimia-o tanto que tinha um chifre caído para baixo..."
" Era uma vez um médico que tinha uma estante muito grande. Dentro da estante estavam postas dentro de frasquinhos coloridos todas as doenças que havia no mundo e todas as doenças que havia de haver."
" Depois de matar uns pardais estava Santo António todo contente a dançar o trolaré, pensando como é que havia de os comer quando..."
E pronto, se querem mais comprem os livros.
Vão à D'as Artes e digam que leram "As Sardinheiras".
Descontos o Livreiro não fará, porque anda a tentar encher de notas o seu POTE DE BARRO, mas talvez ofereça dois rebuçadinhos de fruta a cada cliente.

4 comentários:

a das artes disse...

Ora essa! Pote de barro? Encher o de quem?
Pronto, amuei!
Só para contrariar, e para que a publicidade não seja gratuita, cá vão 10% de desconto a quem comprar os livros - mas tem de dizer que leu o post nas Sardinheiras!!!!!

Carolina disse...

Boa!
Assim é que se faz negócio!

Miguel Drummond de Castro disse...

O AUTOR MOSTRA A GUELRA - E DIZ QUE O SAL (ÁRIO) DA LITERATURA É PIOR QUE MENDICANTE

Pois é: no fundo os livros saiem do mar. Do mar de onde vem tudo. Os livreiros limitam-se a tirar-lhe ou a pôr-lhe as algas. Os leitores de dois tipos: o activo e o passivo, agarram nos livros e correndo para a cozinha armados de facas, coentros, enxós, passadores, conta-caracóis, semáforos para as alfaces, acelera-cafés (em suma,todo o arsenal extravagante da cozinha)antes de os livros gritarem pelas sereias que os pariram recolocam-lhes escamas, barbatanas, pulmões, estupendas guelras rubras a brilhar de saúde e de desafio. Depois são levados para a câmara lunar que existe em cada casa que se preze (na minha casa que eu prezo a câmara lunar fica a três metros acima da cama) e aí o leitor de tipo passivo deixa-se invadir pelo livro, enquanto o leitor de tipo activo megulha definitivamente no livro, perdendo de vista a costa, as palmeiras, os canhões sonolentos de Sines, a espuma dos dias e a das imperiais, o cheiro das pouco refinadas refinarias,os ibiscos em chamas do parque da URSS, as bugainvillas fantasmas do cemitério, etc. Por fim dado que os contrários se encontram o leitor passivo fundido ao leitor activo ambos transformados numa alforreca osmótica nadando de volta para o país do signo dos peixes voltam a perder e a ganhar todas as novas batalhas da vida literária e confirmam que cada livro neste país de êxtases baratos e de BMWs oficiais só rende um pequeno almoço reles ao autor.

O editor fica com quase tudo. O autor recebe só 10% por livro.

Come-se mal na literatura. Sardinha-se melhor na prefeitura.




M.de CH

Carolina disse...

Alto lá! Até fiquei sem fôlego!
Vou voltar a ler com calma, pausadamente e com a devida entoação.Acompanharei a leitura com um búzio no ouvido para manter o tom e o marulhar. Salpicarei de sal o ecran.Pendurarei na janela duas fanecas. Substituirei o "rato" por um choco,ao qual previamente apertei o gasganete, para lhe espremer a tinta.
Espalmo uma alforreca no cocuruto da cabeça,tipo saco de gelo em dia de enxaqueca.
Vou ao congelador tiro de lá três salmonetes coxos, sete joquinzinhos com a febre da carraça e cinco polvos amputados das ventosas. Faço um leilão e ofereço os ganhos aos tais escritores.Assim talvez possam comer mais do que uma refeição por dia!
E eu que os achava magros!!!...
(Só agora percebi porquê).