2006-05-12

Sardinha em mar de azeite...


Entrei. As mesas estavam todas ocupadas, excepto uma, lá ao fundo.
Quatro lugares e só um ocupado. "Posso sentar-me?"
"Pode"- respondeu o jovem (23 anos, soube depois). No prato uma última sardinha, mergulhada num mar de azeite. Em frente do prato, 2 jarrinhos (de meio litro) de vinho tinto, já vazios. Arrisquei :"Foram bem regadas as suas sardinhas! Um litro hem!!!"
Não - respondeu ele- cada jarro deve levar só 4 decilitros e meio!
E a conversa começou.
Praticava "capoeira" e falámos de escravatura, de barcos negreiros, de descobridores e descobertas. Falou-se do Brasil e de telenovelas. Falou-se de S.Tomé e do livro o Equador( ele não tinha lido mas, já ouvira falar).
Falou- se de Santiago do Cacém e ele perguntou, quem seria esse Cacém? Teria alguma coisa a ver com o Cacém( Lisboa) onde ele vive?
Tem uma namorada e está a pensar vir passar dez dias com ela, aqui por estes lados, em Agosto.
Falou...falou...vem de oito em oito dias fazer uma manutenção qualquer( disse, mas esqueci), na APS.
Saímos ao mesmo tempo e eu disse "Então, adeus e boa sorte!" Ele fez-me "uma festa" nos cabelos (como se costuma fazer aos miúdos) e lá foi rua abaixo, gritando lá de longe :" Daqui a oito dias volto. Apareça!"
Não pude deixar de sorrir com a espontaneidade, simpatia e candura daquele jovem. (Ou seria apenas o efeito dos "jarrinhos"?).
Devo ter ficado com os cabelos "enzeitados" e a cheirar a sardinha, mas... há lá "mau cheiro ou gordura" que afaste a graça daquele gesto???...