2010-05-29

Banhos Quentes (Sines noutros tempos...)

(Fotografia e texto do jornal "Sineense")
Depois havia os Banhos Quentes, que era ao pé de um rio grande onde a gente ia lavar, do lado esquerdo quando vamos para a praia. Os Banhos Quentes eram uma casa grande e bonita, mobilada de camas para os doentes.
Tinham uns tubos grandes debaixo da areia que iam ligar aos banhos com água salgada.
Vinha muita gente tomar banhos quentes e depois ia para casa. Mas muitos ficavam lá o dia inteiro, não tinham meios, e outros que eram aleijadinhos.Tomavam banhos e vinham cá para fora. Tinham um terraço grande, punham cadeiras e eles ali estavam tomando banhos de sol. À porta, havia um aparelho muito lindo que tocava música.
lá dentro havia banheiras de pedra, forradas de azulejo. Cada quarto tinha uma banheira, uma cadeira e um cabidezinho para porem a roupinha e tomarem banho. Vinha água salgada por umas torneiras e arrefecia juntamente com a água doce.
Aquilo era muito bem arranjado. Não tinha muitos funcionários, só uns dois ou três. Homens não sei se havia algum. As moças é que andavam lá a limpar e a arranjar.
.....
O texto é um relato da Senhora Dona Maria Delmira Ferreira (87 anos) vizinha dos Banhos Quentes, e que testemunhou a sua destruição aquando do ciclone de 1941.

9 comentários:

isabel disse...

Grande é a memória desta senhora apesar da idade. Tem todos os pormenores guardados.
Beijinho para ela.

baci

O céu da Céu disse...

Maravilha esse relato que eu já ouvira à minha mãe e à minha avó.
Que saudades me trouxe à memória e como eu gostava de usufruir duns banhitos quentes de água salgada nesta época de dias instáveis entre o frio, o calor e o vento ...um beijinho

Carolina disse...

Que bom seria o banhito!
Gostei de saber estas coisas.
Vidas passadas.
;)

Jelicopedres disse...

Muito interessante, Carolina!
Sem dúvida que não podemos deixar passar estes testemunhos em branco.
Se o ciclone foi em 1941, já existia muito antes disso!
- Quem diria...!
Nunca tinha ouvido falar.
Queremos mais "reportagens" destas, Carol!
Beijinho para ti e também para a D. Maria Delmira.

lami disse...

Não fazia ideia que, à sua maneira, Sines também tinha umas "termas" !
Faziam jeito agora nestes tempos de "males" na coluna pós-cinquenta ;)
E, como sempre, o encanto das tuas histórias contadas....

Violeta Extravagante disse...

A tradição oral que não se perde, são memórias da nossa história.

Gostei de saber mais um pouquinho da história de Sines

Abraceijo

arlete disse...

prodigiosa memória.
um dia ,se me lembrar hei-de pedir à minha sogra ,que é de Évora a foto que tem com a família, era ela ainda menininha,na praia de Sines.kandandu

Carolina disse...

Arlete, manda aí a foto por mail que eu publico.
;9

Sentidamente disse...

Apesar de atrasada não quero deixar de comentar. Nasci depois do ciclone (não sabia o ano em que acontecera) mas ainda me lembro de ver no caminho do Convento para S. Torpes (pelo interior), grandes árvores, vivas mas com as raízer semi arrancadas e os meus pais dizerem ter sido ociclone que as deixou assim. A seguir vinham relatos do acontecimento. Quanto à praia, passava lá férias quando era pequena (antes de irmos para S. Torpes) e tenho algumas fotografias tiradas nessas alturas. Um dia publico.
Obrigada pelas memórias.
Beijinho