Psssst!...

Até amanhãããã!...

Pacotinho de açúcar...

"Livros
não mudam o mundo,
quem muda o mundo
são as pessoas.
Os livros só mudam
as pessoas."

«Mário Quintana, escritor brasileiro»

(Texto transcrito do pacotinho de açúcar, no café da manhã)

Sopro de aragem!

O peso de haver mundo



Passa no sopro da aragem
Que um momento a levantou,
Um vago anseio de viagem
Que o coração me toldou.

Será que em seu movimento
A brisa lembre a partida
Ou que a largueza do vento
Lembre o ar livre da ida?

Não sei, mas subitamente
Sinto a tristeza de estar
O sonho triste que há rente
Entre sonhar e sonhar.

( Bernardo Soares, Livro do Desassossego)

Psssst!...

AGASALHEM-SE!!!!

Tenho uma janela ...

(Pintura de Monet)




Tenho uma janela
que dá para o mar
barcos a sair
barcos a entrar
tenho uma janela
que dá para o mar
sonhos a partir
sonhos a chegar
tenho uma janela
que dá para o mar
um fio de fumo
uma sombra além
uma história antiga
um cantar de vela
um azul de mar
tenho uma janela
que seria bela
seria mais bela
que qualquer janela
janela fosse ela
de Lua ou de estrela
ou qualquer janela
de qualquer escola
se não fosse aquele
pescador já velho
que anda pela praia
a pedir esmola
barcos a sair
barcos a entrar
chego-me à janela
e não vejo o mar.
(Mário Castrim)
E a mim, resta-me a consolação de nunca ter visto da minha janela um pescador a pedir esmola.

Mozart, pois!

Ouça Mozart!
Faça com eu, cirande pela casa ao som do concerto para piano nº26 ou, da sinfonia nº3.
E mais se seguirá, pois constatei (agora) que tenho 10 discos do Mozart.
Está frio mas, vou abrir a janela!

Hoje, as gaivotas esquecerão Ravel e farão as suas danças num ritmo Mozarteano!
Elas merecem e Mozart também!!!

(Informação: O canal 2 da RTP, passará às 22H 30M um programa sobre a vida e obra de Mozart; a RTP 1 (como sempre fora de horas) exibe o filme Amadeus, às 00H).

FRUTOS de Eugénio de Andrade.

Pêssegos, peras, laranjas,

morangos, cerejas, figos,

maçãs, melão, melancia,

ó música dos meus sentidos,

pura delícia da língua;

deixai-me agora falar

do fruto que me fascina,

pelo sabor, pela cor,

pelo aroma das sílabas:

tangerina, tangerina.

Tan-ge-ri-nas!!!!

Concordo com o Poeta
E prefiro a TANGERINA
No nome traz o aroma
E rima com CAROLINA!

Arcimboldo, de novo...

O Inverno
pintado por
Arcimboldo!











Frio, frio, frio!!!
Nuvens! Ventinho a soprar do Sul!
Centenas de gaivotas dançam os boleros de Ravel em frente da minha janela!
Mar cinzento e barquitos arrepiados voltando da faina! !
Prenúncios de chuva!
Na minha fruteira, laranjas e tangerinas!

(O Inverno pintado por Carolina)

História de terrooooor!....

Andava um porquinho
a passear no jardim,
encontrou uma porquinha
que lhe disse assim:

- Não comas demais!
Ouve o que te digo,
se ficas gorducho
acabam contigo.

-Eu faço dieta
sou porca elegante,
não quero estar na montra
de qualquer talhante!

-Não sejas pateta
Porquinha Janota!
Eu quero é milho
e muita bolota!

Ele não ligou
ao que ela dizia
e em breve o levaram
p'ra charcutaria.

E agora no talho
há muito toucinho.
Que é tudo o que resta
daquele porquinho!...

(Para a minha afilhada CArolina e seus colegas, esta história, em que um porquinho teve o destino que os porquinhos da vida real têm. Foi parar ao talho! E se assim não fosse, como é que poderíamos comer um "bifinho com batatas fritas"?)

Imaginação...

GIUSEPPE ARCIMBOLDO!

Arcimboldo!

Pintor, nascido em 1527, talvez em Milão.
A marca de Arcimboldo são as suas composições usando vegetais, animais e até outros objectos para compor cabeças.

Quem sabe se o nosso Cesário Verde não estaria a pensar em Arcimboldo quando escreveu o seu poema "Num Bairro Moderno":

«Subitamente - que visão de artista! -
Se eu transformasse os simples vegetais,
À luz do Sol, o intenso colorista,
Num ser humano que se mova e exista
Cheio de belas proporções carnais?!
......
E eu recompunha, por anatomia,
Um novo corpo orgânico, aos bocados.
Achava os tons e as formas. Descobria
Uma cabeça, numa melancia,
E nuns repolhos seios injectados.
.............
(Ideia roubada do Blog "Quiromancias", texto trancrito do livro «Memória de Nova Iorque e Outros Ensaios»,de João Lobo Antunes ).

Hortelã!

Inédito!

Pela 1ª vez é testado o sentido do olfacto, através da internet.

Experimente: www.asas.chrome.pt depois LIGAÇÕES, procure CANTO DAS LETRAS, clike em 03/01/06, percorra essa página: terá poesia, prosa, música, imagens e... (é agora) aspire profundamente e um delicioso cheirinho a HORTELÃ vai inundar a sua alma!

Não acredita??? Então faça o teste! Está ao alcance de um CLIK!!

Então, Pablo Neruda

Não o tinha visto

Não o tinha visto e soavam juntos
nossos passos.

Nunca escutei a sua voz e a minha
ia ocupando o mundo.

E teve um dia de sol e não coube
em mim a alegria.

Senti a angústia de provar a nova
solidão do crepúsculo.

Senti-o junto de mim, braços ardendo,
limpo, a sangrar, puro.

E a minha dor, sob a noite escura
entrou no seu coração.

E seguimos juntos.

Pablo Neruda

Nascido no Chile em1904 .
Com "Crepusculário", Neruda revelou-se como poeta do amor, da terra e dos elementos.(1923)
Ofereceram-me,ontem, este livro.(Obrigada, amiga Paula!)
Belíssimos poemas que vos darei a conhecer de vez em quando.
O seu mais conhecido livro é , como decerto sabeis "Vinte poemas de amor e uma canção desesperada" (1924)
O poeta morreu em 1973.

Tempestade

Hoje,
é Inverno até na minha casa!

Saudades

Tenho saudades de mim

De inventar
um eco
De sentir
um fluido

De ouvir
uma voz
(a tua voz)
que com a minha voz
cantava

De me sentir
tão leve
e tão pequena
que no abrigo dos teus olhos
repousava

Platão

Platão, parece que disse:
"O Amor é a causa do movimento da Natureza."
(Pelo menos era isto que estava escrito no pacotinho de açúcar com que hoje adocei a "meia-de leite").

Então, pergunto: - Será por isso que há tanta "Natureza Morta"???

Lua/ SOPHIA

Entre a terra e os astros, flor intensa.
Nascida do silêncio, a lua cheia
Dá vertigens ao mar e azula a areia,
E a terra segue-a em êxtase suspensa.

O Galo!

O GALO

Sou o Galo Matutino
Acordo todos em redor
Não bastava
Ser bonito
Também sou
Um bom tenor!

Minhas penas matizadas
Minha crista vermelhinha
São encantos
São delírios
Não resiste a "pata-choca"
E muito menos a galinha.

Tenham cuidado peruas
O meu trinado
É um perigo
"Lavo daí as minhas asas"
Se dos vossos ovos sairem
Aves parecidas comigo!

E cá vou
Có ró có có
A caminho do poleiro
Porque amanhã de manhã
Afinado e bem alegre
O meu canto é o primeiro.

Aos homens
Dou um conselho
Vejam a minha alegria
Ponhas "as penas" de lado
Cantem e sejam felizes
Caia a noite ou
Nasça o dia!!!!

(Inspiração repentina na hora da deita)

Vou...

...e já volto!

"As ondas quebraram uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim."
(SOPHIA)

APELO!!!

A quem é que eu emprestei este LIVRRRRRRO???
(O poeta faz- se aos dez anos, da Mª Alberta Menéres.)
Devoooolva! É urgente!!!!

Casas...

Pequeno almoço: Duas torradas e uma maçã!
Na janela, a fumegar de tanto sol!...

Da SOPHIA, " As Casas"

Há sempre um Deus fantástico nas casas
Em que eu vivo, e em volta dos meus passos
Eu sinto os grandes anjos cujas asas
Contêm todo o vento dos espaços.

A amizade, esse mistério...

"Que em cada amigo, o teu coração faça festa e celebre o encanto da amizade profunda que liga as almas afins"

(Frase lida por aí, algures...)

SOPHIA!

(Retrato de SOPHIA, por Arpad Szenes)


Isto dos blogs tem as suas vantagens.
Na procura de textos (que queremos saborear e dar a provar), vamos sempre descobrindo, ou aprofundando descobertas que já tinhamos feito.
É o caso da SOPHIA, quanto mais a leio, mais me encanta!
E a dificuldade está na escolha de textos, porque todos me parecem belos e oportunos.
Descobri, por exemplo, que uma parte da sua obra tem por título "O Dia do Mar". Conjunto de textos escritos no ANO em que eu nasci.(Obra Poética I, pag.77 e seguintes,editora Caminho).
Vou "postar" com alguma frequência poemas dessa época.
Pesquiso, leio, releio e penso : Quem sabe se este, ou esse, ou aquele, não terão sido escritos no DIA em que eu nasci???
Talvez a intuição me guie!...

Acenos...

Hoje, lá do alto da estante, o Cesário acenou e caiu-me na mão um ramalhete!

Naquele piquenique de burguesas
Houve uma coisa simplesmente bela
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão- de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
(Cesário Verde)

Pois é...

Lá nos altos céus, onde o meu pai anda grelhando peixe para os anjos, a esta hora já disse para o S. Pedro:
- Que bela sopa que a minha Carolina fez!
E fiz!!!
Massa de peixe!
(Robalo, vária e camarão; cebola, alhos, coentros, azeite e um molho de hortelã)
Não há duvida, para além de: faladora, bem disposta e de lágrima fácil, também herdei, do "Mano Zé", os dotes culinários (e... como vêm a imodéstia!).
Ele deve estar satisfeito e provavelmente já foi contar à "Mana Bia"(minha mãe), que, se não me engano, na falta de galinhas andará certamente a dar milho às celestiais pombas.
Pois alegrem-se, Meus Pais, que os vossos filhos hoje tiveram um jantar que até parecia ter saído do vosso Restaurante em S. Torpes.
( Bem haja, também o primo Joaquim Paulos que pescou os peixes, daí a sua gostosura!)

Já que falámos de voos...

"Les ailes frémissaient sous le souffle du soir,
le moteur de son chant berçait l'âme endormie,
le soleil me frôlait de sa couleur pâlie."
(Exupery)

São Danças...são Voos...

Boleros de Ravel
desenhas no ar
adormeces
nas ondas
embala- te
o Mar

(Que o 2006 nos fortaleça e nos dê a Todos a coragem de voar alto e de mãos dadas!)